Filosofia e Direitos Humanos

Materialismo e moral em Denis Diderot

Autor
Paulo Jonas Piva
Ano
1999
Resumo / Abstract

Valendo-se de um antimétodo que faz dos pensamentos rameiras e, por conseguinte, da filosofia um processo antidogmático de elaboração e de experimentação de hipóteses, o filósofo francês Denis Diderot (1713-1784) conjecturou uma metafísicamaterialista e ateísta sobre a qual fundamentou uma moral baseada na justiça e na felicidade. Tendo em vista que o imoralismo cínico é um dos corolários possíveis do materialismo ateu - como nos mostra o ateísmo do Marquês de Sade (1740-1814), o exemplo mais cabal -, examinaremos a maneira como Diderot articulou a sua proposta de moral laica, em que ela consiste e, sobretudo, se ela é eficaz.

 


 

Área do Conhecimento
Filosofia

Da máquina corpórea ao corpo sensível: a medicina em Descartes

Autor
Marisa Carneiro de Oliveira Franco Donatelli
Ano
2000
Resumo / Abstract

Comumente, os estudos sobre Descartes voltam-se para questões ligadas à metafísica, à moral e às ciências nas quais o seu mérito é reconhecido quase que por unanimidade. O mesmo não ocorre no que concerne à sua incursão na medicina: em geral, a importância de seus textos ligados a essa área é minimizada. Porém, a partir da contextualização dos estudos de Descartes ligados à medicina no pensamento médico de sua época, evita-se adotar a postura anacrônica que está, muitas vezes, na base da rejeição da importância desses textos médicos. Na tentativa de mostrar a importância desses estudos e sua integração ao sistema cartesiano, este trabalho procura defender uma posição que vai de encontro àquela que é sustentada por alguns comentadores. Segundo ele, o filósofo não só fracassou em seu intento de construir uma medicina, como sua obra médica não apresenta o mesmo brilho que caracterizou seus trabalhos voltados para a matemática ou para a geometria, por exemplo. Neste estudo sobre a medicina cartesiana são destacados dois pontos básicos: i) os pressupostos metafísicos sobre os quais ela se funda; ii) a evidência própria ao âmbito da medicina, que é a evidência experimental. Esses dois pontos deste trabalho, segundo a qual a medicina está integrada ao sistema filosófico cartesiano, constituindo uma ciência que apresenta características próprias às ciências que lidam com as coisas compostas, como é o caso da Medicina ao lado da Física e da Astronomia.

 


 

Área do Conhecimento
Filosofia

Irritabilidade e sensibilidade: Fisiologia e Filosofia de Albrecht Haller

Autor
Marisa Russo
Ano
2002
Resumo / Abstract

Em que medida os conceitos de "irritabilidade" e "sensibilidade", propostos por Albrecht Haller (1752) contribuíram para um nova concepção das estruturas nervosas no interior dos discursos médico e filosófico do século XVIII? Ao final do século XVII, o fracasso das teorias mecanicistas aplicadas ao estudo do ser vivo se tornava cada vez mais evidente, principalmente no que diz respeito às explicações fisiológicas e patológicas das estruturas nervosas e musculares. Por outro lado, as discussões filosóficas do século XVIII relativas ao conhecimento humano e aos limites de nossa experiência sensível exigiam cada vez mais um estudo aprofundado sobre a fisiologia dos sentidos e a sensibilidade. Neste contexto, a teoria da irritabilidade e sensibilidade de Haller se apresenta como uma possibilidade de repensar a fisiologia das estruturas nervosas para além das explicações mecanicistas e animistas já conhecidas no século XVIII ao mesmo tempo em que se apresenta como uma possibilidade de repensar certos problemas filosóficos ligados às sensações, discutidos neste mesmo período. Sendo assim, uma resposta parcial e preliminar a esta questão pode ser elaborada, primeiramente através de uma análise das condições de possibilidade e necessidade epistemológicas destes conceitos no estudo do ser vivo. Em seguida, faremos uma análise das consequências da teoria de Haller no interior das discussões científicas e filosóficas do iluminismo.

 


 

Área do Conhecimento
Filosofia

A física da política: Hobbes contra Aristóteles

Autor
Yara Adario Frateschi
Ano
2003
Resumo / Abstract

Aristóteles e Hobbes fundamentam a moral e a política na natureza humana em bases independentes da associação política entre os homens. No entanto, ambos sustentam visões distintas acerca da natureza humana por conceberem de maneiras distintas a natureza em geral. Em particular, divergem radicalmente na caracterização do papel da razão. Derivam daí duas concepções opostas das relações entre a natureza e a sociedade política.

 


 

Área do Conhecimento
Filosofia

Retórica e política em Rousseau

Autor
Ricardo Monteagudo
Ano
2003
Resumo / Abstract

O objetivo deste doutorado é mostrar como a concepção que Rousseau tem de linguagem está presente em seu pensamento político. Trata-se de verificar o que é natural e o que é convencional e histórico na linguagem, pois por meio dela ão só os homens se comunicam entre si, mas também regulam sua convivência. O exame adquire assim maior âmbito e inclui a linguagem da moral: a lei enquanto declaração da vontade geral. A linguagem do direito político tem um fundamento natural - a justiça natural - e um fundamento retórico - a justiça humana que se insere num jogo de interesses. Pelo primeiro, o direito vem a ser; pelo segundo, sua generalidade e diversidade históricas se situam. A partir da análise que Bento Prado Jr faz da linguagem em Rousseau, mostraremos como esta questão está presente no pensamento político, especialmente no Contrato social.

 


 

Área do Conhecimento
Filosofia

A lira de orfeu: a arte do músico na origem da comunicação filosofia e música em Rousseau.

Autor
Jacira de Freitas Rosa
Ano
2002
Resumo / Abstract

Determinar quais as relações possíveis entre as incursões de Rousseau no campo musical e sua produção filosófica: tal é a preocupação central deste trabalho. As análises de Rousseau indicam que o ingresso no universo simbólico traz consigo a possibilidade da perda da unidade do ser e com ela a ruptura do vínculo social. Partindo da demonstração que a mediação dos signos representativos se dá em três instâncias distintas, procurou-se detectar se a mesma lógica que comanda o sistema subjaz às suas teorias musicais. A idéia de uma seqüência hierarquizada de valores que vão do mínimo ao máximo da inserção de signos representativos também se exprime em suas teorias musicais, de modo que estas se integram perfeitamente ao conjunto da obra do autor por estarem em conformidade com os princípios que fundamentam suas doutrinas. A música é, então, dotada de um estatuto singular, aquele de uma arte autêntica, pois cumpre uma função moral e política, já que se converte num instrumento eficaz na promoção da união entre os homens.

 


 

Área do Conhecimento
Filosofia

História e política em Maquiavel

Autor
Patrícia Fontoura Aranovich
Ano
2003
Resumo / Abstract

O objetivo deste trabalho é examinar as relações entre política e história em Maquiavel. A filosofia política de Maquiavel rompe com a idéia de exemplaridade do passado, abrindo caminho para uma reflexão em que os tempos se tornam mensuráveis entre si. A história não se reduz, na obra de Maquiavel, a uma condição de subordinação ao pensamento abstrato que formula regras para a ação política. A obra política incorpora a própria história na medida em que os exempla se inserem em seus textos sob um duplo aspecto. Por um lado, como matéria de reflexão e não como mera ilustração de algo que havia sido teoricamente concebido. Por outro, o próprio exemplo tem um caráter histórico, enraizado nas situações concretas das quais emergiu, o que o relativiza. Deste modo, a superação da simples constatação de momentos discretos se dá pela inserção do exemplo, assim como das circunstâncias que o concernem, no percurso da República, a qual, por sua vez, traz em si movimentos que conferem inteligibilidade à história. Ao escrever a História de Florença, Maquiavel tem de lidar com o modelo historiográfico renascentista, o que lhe impõe algumas limitações. Mas a narrativa retém a concepção de história elaborada nos escritos políticos e, ao centrar sua interpretação nas questões das divisões da república, da corrupção e da perda da liberdade, Maquiavel revela o percurso da cidade de Florença a partir da percepção dos seus movimentos e, como na obra política, ultrapassa a descrição   dos acontecimentos. Deste modo, a obra histórica de Maquiavel representa uma continuidade com relação à sua obra política.

 


 

Área do Conhecimento
Filosofia

Os manuscritos de um padre anticristão e ateu: materialismo e revolta em Jean Meslier

Autor
Paulo Jonas de Lima Piva
Ano
2004
Resumo / Abstract

Quando pensamos na Ilustração Francesa, no assim chamado "Século das Luzes", os primeiros nomes que nos vêm à mente são automaticamente os de Montesquieu, Voltaire, Rousseau e Diderot, seguidos eventualmente pelos de La Mettrie, Helvétius e Holbach. O mesmo ocorre quando pensamos nas obras consideradas as mais relevantes do período, em particular, as de cunho metafísico e político. Os programas acadêmicos e os manuais de filosofia em sua maioria restringe-nos sobre esse assunto a obras como O espírito das leis, Tratado de metafísica, Carta sobre os cegos e, sobretudo, ao Contrato social. Contudo, uma investigação menos tradicional das idéias concebidas no Antigo Regime mostra-nos que nem só de Voltaire e de Contrato social foi constituída a filosofia francesa do século XVIII. Jean Meslier (1664-1729), por exemplo, um vigário de aldeia, escreveu com toda a sua simplicidade, por volta de 1720 - ainda nos albores do Iluminismo, portanto -, uma obra bastante singular e contundente, mediante a qual expressou sem rodeios toda a sua revolta contra a mistificação e a manipulação religiosas - em particular o cristianismo -, a filosofia dualista, a opressão política e as injustiças sociais, propugnando a união de todos os explorados e oprimidos em torno do estrangulamento do último rei com as tripas do último padre, isto é, em torno do ideal de uma sociedade baseada no ateísmo e na exploração coletiva e fraterna da terra, o que lhe garante, a nosso ver, um lugar de  relevância não apenas na filosofia política das Luzes e na tradição materialista, mas na história das idéias de um modo geral. Nosso propósito, portanto, consiste em apresentar ao leitor brasileiro a doutrina radical, precursora e influente deste pensador inusitado cuja obra ainda é praticamente desconhecida entre nós e que teve como tributários nada menos do que Holbach, Diderot e Voltaire.

 


 

Área do Conhecimento
Filosofia

Julgar a república: história e filosofia política no methodus de Jean Bodin

Autor
Douglas Ferreira Barros
Ano
2004
Resumo / Abstract

Esta tese pretende demonstrar que a teoria da sobernia de Jean Bodin, apresentada no Methodus ad facilem historiarum cognitionem (1566), satisfaz à exigência de um julgamento metódico do conceito de república, constituindo-se como confrontação e crítica aos princípios do republicanismo renascentista da Itália. Diferentemente das abordagens ao pensamento de Bodin que consideram o texto de 1566 uma antecipação e um resumo da teoria da soberania apresentada nos Six livres de la République (1576), esta tese pretende mostrar que o esforço para criar um método para o conhecimento da história levou Bodin à filosofia política ou à civilis disciplina. Isto permitiu ao autor revisar os princípios do conceito de república, opondo-os aos princípios republicanos de Maquiavel e à liberdade civil veneziana. Essa oposição é necessária para o argumento de Bodin uma vez que sua teoria da soberania no Methodus não está baseada em uma filosofia do direito.

 


 

Área do Conhecimento
Filosofia

A arqueologia da linguagem em Giambattista Vico

Autor
Antonio Sergio da Costa Nunes
Ano
2009
Resumo / Abstract

Este trabalho é resultado da pesquisa desenvolvida sobre a concepção do certum em Giambattista Vico. O nosso interesse foi encontrar nos diversos escritos filosóficos de G. Vico (1668-1744) um novo modo de apreensão da concepção original do pensador acerca do Conhecimento e de que modo ele apreendeu e trabalhou essa visão de mundo, ao contrário da visão tradicional, que atribuiu valor lógico ao modo de conhecer mediante o verdadeiro e o falso. Vico concebeu o conhecimento tanto como ordem do certum quanto como ordem do verum, realçando o papel originário do certum. Esse novo modo de perceber a ordem do certum confere ao saber viquiano uma lógica própria: a lógica do verossímil. A verossimilhança é trabalhada enquanto elemento que nos leva à certeza mediante a exclusão de toda exatidão matemática conferida ao conhecimento, nos propiciando a possibilidade de alcançá-lo na sua incerta abrangência e/ou nos seus incertos limites.

Para acessar o texto clique aqui

 


 

Área do Conhecimento
Filosofia