Autor
Patrícia Fontoura Aranovich
Ano
2003
Resumo / Abstract

O objetivo deste trabalho é examinar as relações entre política e história em Maquiavel. A filosofia política de Maquiavel rompe com a idéia de exemplaridade do passado, abrindo caminho para uma reflexão em que os tempos se tornam mensuráveis entre si. A história não se reduz, na obra de Maquiavel, a uma condição de subordinação ao pensamento abstrato que formula regras para a ação política. A obra política incorpora a própria história na medida em que os exempla se inserem em seus textos sob um duplo aspecto. Por um lado, como matéria de reflexão e não como mera ilustração de algo que havia sido teoricamente concebido. Por outro, o próprio exemplo tem um caráter histórico, enraizado nas situações concretas das quais emergiu, o que o relativiza. Deste modo, a superação da simples constatação de momentos discretos se dá pela inserção do exemplo, assim como das circunstâncias que o concernem, no percurso da República, a qual, por sua vez, traz em si movimentos que conferem inteligibilidade à história. Ao escrever a História de Florença, Maquiavel tem de lidar com o modelo historiográfico renascentista, o que lhe impõe algumas limitações. Mas a narrativa retém a concepção de história elaborada nos escritos políticos e, ao centrar sua interpretação nas questões das divisões da república, da corrupção e da perda da liberdade, Maquiavel revela o percurso da cidade de Florença a partir da percepção dos seus movimentos e, como na obra política, ultrapassa a descrição   dos acontecimentos. Deste modo, a obra histórica de Maquiavel representa uma continuidade com relação à sua obra política.

 


 

Área do Conhecimento
Filosofia