Equilíbrio da natureza - equilíbrio na sociedade:configurações todo-parte na filosofia de Jean-Jacques Rousseau

Autor
Inara Luiza Marim
Ano
1999
Resumo / Abstract

Diversas personalidades co-habitaram em Jean-Jacques Rousseau escritor, filósofo, copista, compositor, preceptor, legislador. Mas o que marca a singularidade de seus trabalhos são os inúmeros paradoxos que o atravessam. Tantos paradoxos poderiam sugerir uma obra esquizofrênica. Não é o caso. Entre sua obra e sua vida, a proximidade e a coerência dialogam todo o tempo, na tentativa de pensar a cisão própria do homem moderno vivendo em sociedade, já que nada mais pode garantir a unidade entre indivíduo e cidadão encontrada na antiguidade. As páginas seguintes discutem as diferentes configurações da relação todo-parte, no conjunto de três trabalhos de Jean-Jacques Rousseau: Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, Contrato Social e Considerações sobre o Governo da Polônia. Este recorte visa a mostrar como os paradoxos levantados por Rousseau ainda são centrais para as discussões sobre política em nossos dias

 


 

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Filosofia

As metamorfoses da sedição: religião e política em Hobbes

Autor
Everson Machado
Ano
1999
Resumo / Abstract

O tema da religião adquiriu uma importância cada vez maior nos livros de Hobbes, a ponto de dar o nome e ocupar metade de seu livro mais famoso, o Leviatã. No entanto, em sua classificação das ciências, Hobbes exclui todos os temas da religião. A questão então é saber como um autor que tem um discurso inflexível sobre a ordem das razões trata de um assunto que, de antemão, foge ao saber filosófico. Hobbes apresenta duas versões de seus princípios de hermenêutica. Em ambas as versões, o resultado político é o mesmo: a última palavra sobre as Escrituras deve ser do soberano. No entanto, as conseqüências históricas são bastante diversas. A primeira versão encontra-se no De Cive, de feição humanista, enfatiza o aspecto histórico-literal do texto e não desconsidera a tradição. A segunda, a do Leviatã, assemelha-se ao modelo protestante de leitura interna e por analogia, mas também pode ser assimilada ao discurso filosófico dedutivo. A leitura humanista termina por interditar a interpretação das Escrituras como algo superior às possibilidades de conhecimento humano, sendo apenas possível confiar em uma autoridade cujo fundamento não seja humano, a saber, a igreja anglicana. A leitura filosófico-protestante é desenvolvida em circunstâncias históricas diferentes - em que a igreja não pode mais ser o fundamento da autoridade das Escrituras - e tem conseqüências diversas, resultando em uma leitura radical, contra a igreja visível. Contudo, as duas   interpretações - a humanista, historicizante, e a leitura filosófica, lógica complementam-se e apontam para um outro sentido de compreensão da história

 


 

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Filosofia

Epistemologia e política no pensamento de Jean-Jacques Rousseau

Autor
Eduardo Cardoso Braga
Ano
2000
Resumo / Abstract

Trata-se de investigar as relações entre a teoria do conhecimento e a política no pensamento de Jean-Jacques Rousseau. Para tanto, foram analisadas as diferenças conceituais entre a teoria do conhecimento rousseauísta e o "materialismo", bem como suas implicações no campo moral. A principal objeção de Rousseau ao que chama de "materialismo" é a ausência, nessa teoria, de qualquer faculdade inata e espontânea. Ao contrário, Rousseau insiste em estabelecer a atividade espontânea de nossos julgamentos. Isso conduz diretamente ao voluntarismo professado por Rousseau, cujas inevitáveis conseqüências no estabelecimento do contrato e da vontade geral cabe também examinar. A presença da liberdade nas atividades humanas poderia pôr em risco o perfeito equilíbrio das forças na República. É necessário criar, pois, mecanismos que inspirem, no indivíduo, o sentimento de identificação com o corpo social. É necessário, em suma, formar o cidadão.

 


 

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Filosofia

Três argumentos da crítica da religião em Voltaire

Autor
Reinaldo Abelísio Francisco
Ano
2000
Resumo / Abstract

Nesta dissertação são analisados três tipos principais de argumento que tomados em conjunto constituem uma estrutura argumentativa da crítica da religião em Voltaire, que funciona como a alma que rege a sua obra, como um fio condutor do seu pensamento. A novidade da pesquisa consiste em trazer elementos da estrutura argumentativa de Voltaire em vez de observações mais genéricas do autor com as quais os comentadores freqüentemente se contentam. O primeiro tipo de argumento egnoseológico. É, portanto, referente à origem e natureza do conhecimento. É neste tipo de argumento que o autor aborda a questão da origem das idéias e a questão da natureza do mundo circundante para, daí, concluir a possibilidade de reconstruir argumentos a favor da existência de Deus a partir dos dados empíricos com o apoio da razão. O segundo tipo de argumento recorre aos dados da história para chegar a duas conclusões: que todos os povos acreditaram num Deus supremo e; quea tradição judaico-cristã é susceptível de crítica por ter surgido e se desenvolvido na base das teologias dos povos antigos que foi transformada em verdade única e propriedade dos judeus. O terceiro tipo de argumento recorre ao aspectoético-moral da tradição judaico-cristã para justificar uma religião natural que tem na moral voltaireana o seu principal e único fundamento. No conjunto, a dissertação procura mostrar que os argumentos voltaireanos da crítica da religião se ligam entre si na medida em que Voltaire subordina todo o seu pensamento filosófico ao problema da moral.

 


 

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Filosofia

A reflexão moral nos contos diderotianos

Autor
Andréa Monteiro Uglar Pessoa
Ano
2004
Resumo / Abstract

Aproveitando-nos da aproximação entre Filosofia e Literatura, sem que necessariamente haja ou intente-se uma identificação entre a obra romanesca e a teoria filosófica, pretendemos efetuar uma análise dos contos do filósofo francês Denis Diderot: Mistificação, Os dois amigos de Bourbonne, Isto não é um conto, Mme de La Carlière - também conhecida como Sobre a inconseqüência do julgamento público de nossas ações particulares - e Suplemento à viagem de Bougainville - ou Diálogo entre A e B - Sobre o inconveniente de atribuir idéias morais a certas ações físicas que não as comportam. Esta análise dar-se-á no interior da concepção materialista e naturalista do filósofo, buscando evidenciar a reflexão moral e a crítica aos dogmas religiosos e morais contrários à natureza

 


 

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Filosofia

A unidade da verdade em Erasmo

Autor
Silvio Lucio Franco Nassaro
Ano
2005
Resumo / Abstract

Se Petrarca, como inaugurador do humanismo no século XIV já se opusera à teologia escolástica, levada ao impasse entre fé e razão com os argumentos averroistas e depois ockhamistas e entregue às disputas dialéticas; propugnara pela recuperação da erudição clássica sustentando como cristão que nenhum guia deve ser desprezado se mostra o caminho da salvação e indicara que ninguém, a não ser o cristão, sabe a quem e de que maneira confessar – cui et qualiter confitendum sit – será Erasmo de Rotterdam no século XVI que, afastando-se das sutilezas daqueles que desde o Medievo queriam compreender os mistérios da fé fazendo a teologia se apoiar na filosofia enquanto reflexão sobre o Ser conforme o cânone platônico-aristotélico, proporá que a ciência das coisas divinas e humanas deve ser buscada antes na filosofia enquanto tradição retórica de reflexão sobre os problemas do Homem e, explorando ao máximo as possibilidades da nascente imprensa, explicará socraticamente, através de seus milhares de Adagia, Colloquia, Litterae, traduções e edições princeps, para uma Europa estupefata, angustiada e vacilante entre o renascimento da grandeza antiga e o radicalismo religioso de católicos e reformados, porque e como, decisivamente, devem ser lidos os autores greco-latinos e entendida a precedência da Revelação cristã em relação ao paganismo e às invenções (inventiones) dos outros povos. Neste quadro de rupturas, se insere com relevo os Antibárbaros, designado pelo seu autor para a edição de sua Opera Omnia como o primeiro livro da primeira ordem que é justamente aquela voltada ao ensino dos textos antigos (ad institutionem litterarum) livro que traz a suma de seus argumentos pela pacífica unidade da verdade.

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G.B. Vico e a fratura moderna: o princípio do verun-factum e a idéia de história na ciência nova

Autor
Antonio José Pereira Filho
Ano
2004
Resumo / Abstract

O princípio moderno de que só podemos conhecer aquilo que fazemos ( verum factum convertuntur) assume na obra de Vico um sentido peculiar. De início, aproximando-se e distanciando-se dos filósofos pós-cartesianos, Vico toma o princípio do verum-factum como eixo argumentativo para empreender uma revisão das teses cartesianas frente às críticas céticas. O resultado é a reivindicação de um espaço legítimo de conhecimento no qual o homem torna-se senhor dos seus próprios objetos. Na obra mais madura, porém, Vico toma este princípio como ponto de partida para se pensar uma ciência do mundo humano na sua dimensão própria - a história. É impossível não reconhecer o tom prometeico desta conversão. Porém, diferentemente de outros filósofos modernos, Vico não se vale do princípio do verum-factum como critério de planificação do mundo histórico- civil. Aqui topamos com a outra ponta do fio da idéia viquiana da história: a noção de "providencia". Como conciliar as duas afirmações? Se a história é fruto de Deus e não dos homens, com que direito pode-se almejar conhecê-la, uma vez que só se pode conhecer aquilo que se faz? Trata-se de uma contradição flagrante ou um sinal de prudência? Devemos concluir que Vico, a fim de salvar o conhecimento histórico, cai numa visão mistificadora, na qual o filósofo que reflete sobre a história, identificando-se plenamente com a mente divina torna-se uma espécie de Deus, sendo capaz de abarcar a história na sua totalidade e,   ao mesmo tempo, fazer prognóstico sobre nossa condição futura? Qual o significado do termo "providência" em Vico e em que sentido os "homens fazem a história"? Tem sentido considerar Vico um "filósofo da história" no sentido moderno do termo? O que dizer da separação da história "sagrada" e "profana" efetuada pelo autor? Teria Vico dado um passo atrás em relação ao processo de laicização moderno? ) Ou, ao contrário, ele antecipou criticamente as dicotomias deste processo? A fim de responder estas questões, veremos que na verdade as ambivalências de Vico fazem parte de uma estratégia argumentativa que parece encarnar o primeiro movimento em que a modernidade revê seus próprios pressupostos, realiza uma autocrítica, sem contudo abrir mão de uma idéia de humanidade e de razão. Nossa leitura terá como pano de fundo o contexto filosófico da tradição renascentista da qual Vico é considerado o herdeiro tardio, e as discussões em torno da fundamentação do saber na passagem do século xvii para o século xviii. É entre estes dois momentos que Vico tenta imprimir sem sucesso suas idéias, que não por acaso só frutificariam muito tempo depois.

 


 

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Ciência, razão e paixão: a natureza humana na filosofia de Hobbes

Autor
Bruno Costa Simões
Ano
2005
Resumo / Abstract

O objetivo desta pesquisa acerca da filosofia de Thomas Hobbes é retomar a sua descrição das faculdades da natureza humana apresentada nas seguintes obras: The Elements of Law Natural and Politic (1640), Troisièmes Objetions et Réponses - integrada por René Descartes às Méditations (1641) - Leviatã (1651), De Corpore (1655) e De Homine (1658). Por meio desse direcionamento bibliográfico, que serve de eixo da nossa exposição, a pesquisa pretende abordar os pressupostos científicos formulados pelo autor, segundo o método resolutivo-compositivo, o qual permite circunscrever as faculdades cognitivas (ou racionais) e motoras (ou passionais), demonstrando assim a noção de natureza humana. Por fim, a partir da reconstituição desses elementos, apresentaremos alguns desdobramentos morais, acarretados pela hipótese teórica de Hobbes que assume o movimento como princípio explicativo do funcionamento das faculdades do homem, inserindo-os desse modo num sistema mecânico que segue a ordem da relação física de choques entre os corpos, realizada no mundo natural

 


 

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A santidade do contrato e das leis: um estudo sobre religião e política em Rousseau

Autor
Thomaz Massadi Teixeira Kawauche
Ano
2007
Resumo / Abstract

A posição de Rousseau sobre a importância da religião na sociedade é bastante peculiar: por um lado, ele apresenta severas críticas às religiões reveladas em geral e ao cristianismo em particular, apontando conseqüências nefastas da idéia de revelação - dentre as quais se destaca a intolerância - sobre a conduta dos indivíduos; por outro lado, Rousseau reconhece que a religião é útil e até mesmo necessária ao Estado, e não subestima o recurso aos deuses na obra do legislador; além disso, Rousseau se declara cristão, e não apenas afirma que o ensino de Jesus Cristo serve de fundamento à boa moral, como também chega a defender uma certa superioridade da revelação dos Evangelhos em relação às demais revelações escritas. Este estudo tem como objetivo esclarecer o estabelecimento da relação entre política e religião na obra de Rousseau a partir de um exame dos textos em que esse autor trata dos efeitos da religião na conduta dos homens, considerando-se em primeiro lugar a crítica feita pelo vigário saboiano às religiões instituídas e, em segundo lugar, a idéia de religião civil no contexto da filosofia política de Rousseau, com especial atenção para um de seus dogmas: o da santidade do contrato social e das leis.

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Igualdade, liberdade e instrução pública em Condorcet

Autor
Rodison Roberto Santos
Ano
2007
Resumo / Abstract

Este trabalho visa analisar a maneira como Condorcet propõe o equilíbrio entre a liberdade e a igualdade por meio da instrução pública, durante os debates que ocorreram durante a Revolução francesa sobre a instituição da escola pública no país. Entre os deputados que propuseram a instauração da escola havia duas idéias de escola que oscilavam entre a ênfase à liberdade e a ênfase à igualdade. Essas duas idéias de escola pressupunham duas idéias de nação, de forma que ao privilegiar uma idéia, outra estaria diminuída ou ameaçada. Para que se sustentassem as duas idéias, porque sem o equilíbrio das duas a República não poderia subsistir, Condorcet propõe um modelo de instrução pública que contempla a ambas. Dessa forma liberdade, igualdade e instrução pública são fundamentais para que se assegurem os direitos dos cidadãos na República.

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