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Sobre a alma e a razão dos animais

Sobre a alma e a razão dos animais: perspectivas históricas
Grupo de Leitura Filosofia Animal – 6º ciclo


Início: 19 de outubro 2023| Término:  21 de dezembro 2023 – via Zoom
Horário: 13h00 – 15h00 (Lisboa – GMT+1)* | 9h00-11h00 (Brasília)
Contato: animalphilosophy.diversitas@gmail.com
Inscrições:  https://bit.ly/almadosanimais 

*devido a mudança de fuso-horário na Europa, a partir de novembro os encontros acontecerão das 12h às 14h. O horário no Brasil continuará o mesmo.

A atividade é aberta e é necessário realizar inscrição. A periodicidade é semanal, às quintas-feiras, pela plataforma Zoom. Serão emitidos certificados de participação a partir de 70% de frequência.  Para o encerramento do ciclo, será realizado um colóquio.


DESCRIÇÃO

O problema da diferença específica é uma discussão que percorre a história do pensamento. No ocidente, durante a Idade Antiga, Média e Moderna, a alma e a razão foram os critérios escolhidos para fundamentar e garantir a distinção entre homens e animais (e também, já entre homens e crianças, homens e mulheres, homens e escravos). Esse debate, longe de ter acontecido em via unilateral de concordância, foi composto por variadas interpretações que forneceram estofo para heterogêneas cosmologias. No entanto, contextualizações políticas e religiosas ajudaram a eleger uma em detrimento de outras, sendo a ascensão do cristianismo um fator decisivo para amplificar as teorias filosóficas que melhor se encaixassem na mitologia bíblica e sua sustentação da excepcionalidade humana. Ao longo do tempo, devido à indissociação da alma e da razão, duas saídas tiveram grande destaque e influência na cultura: uma, a de inventar modalidades diferentes de almas, e, portanto, de capacidades cognitivas, onde os animais eram reconhecidos como seres dotados de almas inferiores, capazes de cognição, mas não de razão. Outra, de por fim, retirar qualquer traço de alma e cognição deles. 

A despeito de na contemporaneidade o postulado da alma não ser mais o dispositivo orientador da distinção antropológica e de inferiorização dos animais outros que humanos, a alma, ou a ausência dela, é o que pulsa como origem e herança para outros conceitos relativos à interioridade que assumiram o seu lugar: mundo, linguagem, mente, inconsciente, etc. Jacques Derrida deixa como indicação de futuro por vir, a necessidade de investigarmos as construções que forjaram o que foi chamado de “os próprios do homem”, para assim desconstruí-las  e criarmos novas relações com os animais, não mais pautadas na condição de soberania e subalternidade. Donna Haraway fala da importância de aprender a não negar a heranças, mas sim contá-las, para não as herdar. Em suma, as teorias de origem precisam ser faladas.

No 6º ciclo do Grupo de Leitura Filosofia Animal “Sobre a alma e razão nos animais: perspectivas históricas”, retomaremos essa problemática a partir de alguns textos da Antiguidade até o século 19. Propondo uma investigação histórica, trabalharemos trechos escolhidos de Platão, Aristóteles, Porfírio, Plotino, Agostinho, Tomás de Aquino, Montaigne, Descartes, La Mettrie, Condillac, a fim de analisar os movimentos e desdobramentos das ideias sobre a alma e a razão nos animais, que alimenta a tradição humanista especista. 

A bibliografia detalhada e os textos serão enviados por e-mail, uma semana antes do primeiro encontro. 


SOBRE O GRUPO DE LEITURA FILOSOFIA ANIMAL

O Grupo de Leitura Filosofia Animal é um trabalho de parceria entre o Grupo de Pesquisa sobre Ética e Direitos dos Animais do Diversitas-FFLCH/USP e o Grupo Praxis do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa. Tem como objetivo reunir pessoas dispostas a, coletivamente, ler e discutir textos clássicos e contemporâneos que se dediquem à análise das complexas relações entre humanos e outros animais, abarcando também o tema da animalidade, nos âmbitos da ontologia, da política, da cultura, da ética e da atual crise ecológica, transitando por diferentes campos do conhecimento.

Realizamos um ciclo de leitura por semestre. Os encontros são semanais e a depender do ciclo, sempre no período da manhã no horário do Brasil e no início da tarde no horário de Portugal. O primeiro ciclo foi dedicado a leitura do livro “O animal que logo sou (a seguir)”, de Jacques Derrida (https://diversitas.fflch.usp.br/node/4053. O segundo, foi dedicado ao tema “Devires-animais?” (https://diversitas.fflch.usp.br/devires-animais), o terceiro, a leituras de Donna Haraway (https://diversitas.fflch.usp.br/especiescompanheiras), o quarto, a textos de Judith Butler e Emanuel Levinás, respectivamente, sobre os conceitos de precariedade e alteridade (https://diversitas.fflch.usp.br/node/4150) e o quinto, ao livro "O que os animais nos ensinam sobre política", de Brian Massumi (https://diversitas.fflch.usp.br/node/4166).

A cada finalização de ciclo são realizados eventos na forma de colóquios ou palestras com convidadas(os) externas(os), com o objetivo de melhor aprofundar os estudos e ampliar as discussões para além do trabalho realizado pelo grupo.


ORGANIZAÇÃO

Grupo Práxis do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa
https://cful.letras.ulisboa.pt/praxis/

Grupo de Pesquisa sobre Ética e Direitos dos Animais do Diversitas – FFLCH/USP (Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos - Universidade de São Paulo)
http://diversitas.fflch.usp.br/

COORDENAÇÃO

Dirk Michael Hennrich – CFUL (Lisboa) / Diversitas (FFLCH/USP)
Luanda Francine Garcia da Costa – CFUL (Lisboa) / Diversitas (FFLCH/USP)