Autor
Sidney Oliveira Pires Júnior
Ano
2004
Resumo / Abstract

Esta tese teve sua origem no desejo de refletir sobre as relações entre o intelectual e a sociedade. Meu estudo voltou-se para aquela época entre-guerras cujos eventos foram definidores do que se convencionou chamar de Brasil moderno, que foi pensado, debatido e parcialmente implementado naquele período. Enfoquei o movimento modernista na versão de uma das suas grandes figuras, o polígrafo Mário de Andrade, tendo por fonte principal sua correspondência ativa publicada após a sua morte. A documentação em questão compreende os volumes relacionados ao final deste texto como fontes impressas, perfazendo cerca de 1600 cartas do escritor. Diante desse grande conjunto documental optei por alguns recortes temáticos, que podem ser sintetizados sob a noção do fazer do intelectual na vida social brasileira e, deste modo, selecionei as cartas para análise. Ao analisá-las, procurei compor uma leitura sobre a trajetória desse que foi, sem dúvida, um dos mais influentes intelectuais daquele período crucial da história do país, buscando refletir como a correspondência logrou constituir uma unidade pela discussão da situação do intelectual cuja ação e obra portavam um sentido político. Daí o interesse por este célebre conjunto de cartas. Interessou-me, sobretudo, a forma da reflexão sobre a relação entre cultura e sociedade desenvolvida por Mário e que se sintetiza na noção de papel do intelectual. Desse modo, este trabalho pertence à linha de pesquisa de História das   Representações Políticas porque trata-se de discutir a elaboração de uma visão sobre o Brasil reconhecidamente influente,... ) ...tanto entre os círculos do poder quanto entre os grupos opositores à ordem estabelecida. Além disso, na minha perspectiva, a correspondência caracteriza-se numa forma peculiar de "fazer história" em dois sentidos: em primeiro lugar, no caso do próprio Mário de Andrade, foi uma alternativa para o debate de idéias, o exercício da crítica e, sobretudo, para o desabafo de um percurso intelectual cheio de vicissitudes. Em segundo, rever aquele momento de efervescência intelectual, procurando revisitar a conjuntura daquele momento e oferecer uma modesta contribuição para elucidar algumas questões, particularmente uma interpretação da correspondência; como fatura, realizei também, numa perspectiva comparativa, algumas observações sobre a forma de reflexão atual comparada à daqueles intelectuais. O paradigma, portanto, está na necessidade, no tempo presente, de pensar o país de modo abrangente como uma iniciativa de superar os inúmeros dilemas herdados da nossa tradição histórico-social.

 


 

Área do Conhecimento
História