CICLO DE ENCONTROS
Do Grupo de Estudos “Diversidades, Corpo e Saúde”
DIVERSITAS – FFLCH/USP– 2021
NARRATIVAS POLÍTICAS DOS CORPOS
Organização:
FACULDADE DE MEDICINA
REATA – Laboratório de Estudos em Reabilitação e Tecnologia Assistiva do Depto. de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional
FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
DIVERSITAS - Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos
O “Ciclo de encontros – “Narrativas políticas do corpo” consiste em uma ação dos estudantes pós-graduandos do grupo de estudos “Diversidades, Corpo e Saúde, coordenado pelos Professores Eucenir Fredini Rocha e André Mota. O evento tem por objetivos:
• Discutir as dimensões epistêmicas do corpo, compreendendo em sua dimensão política os instrumentos e os dispositivos de poder que legitimam as expressões da discriminação e exclusão social e potencializam movimentos de resistência e enfrentamento;
• Compartilhar as discussões e pesquisas realizadas pelo Grupo de pesquisadores mestrandos, doutorandos e professores do Diversitas;
• Proporcionar uma reflexão dos desdobramentos políticos e sociais que se manifestam no cenário contemporâneo.
O ciclo de encontros será composto no trabalho de três mesas que apresentarão reflexões acerca do corpo em intersecção com as temáticas da violência, da saúde e da invisibilidade social. O evento contará com serviços e recursos de acessibilidade oferecido pela Secretaria Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo (SMPED-SP).
Informações gerais:
Datas das mesas: 04, 12 e 27 de novembro de 2021
Formato: On-line
Transmissão: Canal do Youtube DIVERSITAS
MESA 1- ‘VIOLÊNCIAS COTIDIANAS E CAMINHOS SUBVERSIVOS’
https://www.youtube.com/watch?v=IGtW8ODpjKc
Informações gerais
Data: 04/11/2021
Início: 17:00 - Duração: 2 horas
Integrantes da mesa
Mediação: Eucenir Fredini Rocha.
Professora Livre-Docente do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da USP, do Mestrado Profissional Interunidades em Formação Interdisciplinar em Saúde/USP e do Programa de Pós-Graduação – Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades do Diversitas-Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da FFLCH/USP. Coordenadora do REATA – Laboratório de Estudos em Reabilitação e Tecnologia Assistiva do Depto. de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da USP.
Componentes da mesa:
● Adriã Ferreira da Silva é pesquisadora, educadora e artista multidisciplinar, tendo como foco de seu trabalho a investigação, defesa e promoção dos saberes e epistemologias bicha-preta-de-quebrada. Filha de pernambucanos do agreste do estado nasceu no interior de São Paulo, porém cresceu e foi criada pela periferia do Jardim do Colégio, bairro de Embu das Artes/SP onde viveu até 2014 e com o qual mantém proximidade até os dias atuais. É também idealizadora e condutora da Empower English, uma escola popular de inglês online pautada na promoção da diversidade e no estímulo ao pensamento crítico. Possui bacharelado em Sistemas de Informação, formação técnica em Artes Dramáticas, formação livre em cinema e documentário e atualmente é mestranda no Diversitas – Núcleo de Estudos de Diversidades, Intolerâncias e Conflitos, da FFLCH/USP.
● Luiz Carlos Lopes é jornalista formado pela ECA/USP, com especialização em Gestão Pública pela FESPSP. Foi secretário adjunto da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo (SEDPcD) nos anos de 2017 e 2018, e coordenador de Programas do mesmo órgão entre 2012 e 2015, onde desenvolveu projetos nos campos de Direitos Humanos, Prevenção à Violência e Cultura. É Analista de Políticas Públicas e Gestão Governamental da Prefeitura de São Paulo. Foi diretor de Planejamento e Gestão da Política de Atendimento na Secretaria de Inovação e Tecnologia. Atualmente, atua na Coordenadoria de Projetos de Inclusão da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo. Mestrando do Diversitas – Núcleo de Estudos de Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da FFLCH/USP.
● Yuri Castiglioni: Promotor de Justiça do Estado de São Paulo (2003-Atual); Membro da Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo - COETRAE (2019-Atual); Membro da Comissão Municipal para a Erradicação do Trabalho Escravo - COMTRAE (2018-2021); Assessor do Procurador-Geral de Justiça do Estado de São Paulo (2018-2020); Coordenador de Projetos da Procuradoria-Geral de Justiça junto à Subprocuradoria-Geral de Justiça de Integração e Relações Externas (2018-2020); Coordenador-Geral do Núcleo de Assessoria Técnica Psicossocial - NAT do Ministério Público do Estado de São Paulo (2018-2020), Membro do Conselho de Gestão da Secretaria de Justiça do Estado de São Paulo (2019-2020). Coordenador Regional do Grupo de Estudos Cível-Capital, da Associação Paulista do Ministério Público - APMP (2020 - Atual). Diretor do Departamento de Estudos Institucionais, da Associação Paulista do Ministério Público - APMP (2011-2014). Membro do Grupo de Enfrentamento ao Tráfico de Seres Humanos do Ministério Público do Estado de São Paulo (2008-2013). Bacharel em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2002). Mestrando em Ciências Médicas - Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - USP (2021-Atual).
Convidada:
• Alline Dias Eubank, mulher trans, é empresária e CEO do TransEmAção. Formada em maquiagem profissional pelo Instituto Paula Souza (2004), participou do ‘Transcidadania’, projeto criado em 2015 e voltado à elevação educacional, cidadania e promoção de direitos humanos para homens e mulheres Trans e Travestis. Atualmente trabalha na área de produção de eventos, com uma equipe totalmente experiente e profissional, formada exclusivamente por pessoas Trans e Travestis.
Ementa da mesa
A mesa “Violências cotidianas e caminhos subversivos” se propõe a discutir o tema das violências cotidianas e dos caminhos subversivos no contexto da sociedade normativa, traçando um percurso que compreende a contextualização histórica das violências contra diferentes grupos sociais, a discussão dos mecanismos de dissimulação do preconceito enquanto forma de revitimização e o debate sobre possíveis caminhos de subversão frente a essa realidade.
Objetivos:
● Discutir as violências contra crianças e adolescentes e proteção integral; os mecanismos de dissimulação do preconceito enquanto forma de revitimização, via culpa e discursos sobre o "vitimismo"; e os processos de violência e resistência cotidianos no contexto da sociedade normativa.
Fala 1: Violência contra crianças e adolescente (Yuri Castiglioni) violência contra crianças e adolescentes e seus fatores determinantes. Escuta especializada, depoimento sem dano e atuação integrada em consonância com o sistema de garantia de direitos.
Fala 2: Violência e deficiência (Luiz Carlos Lopes) O grau de dissimulação da discriminação e das opressões é inversamente proporcional à capacidade de gestar resistências? Um debate sobre como a ausência de um discurso de ódio explícito pode desestimular o engajamento na luta anticapacitista e invisibilizar a violência.
Fala 3: Violências da sociedade normativa e subversões (Adriã Ferreira da Silva) discutir sobre como a sociedade normativa violenta diariamente as pessoas que se localizam fora dessa normatividade, como forma de extermínio, bem como dos processos de subversão e resistência do cotidiano, discutindo com a convidada Alline Dias, mulher trans idealizadora do projeto TransEmAção, os desafios enfrentados por pessoas transgêneras no mercado de trabalho e, sobretudo, possíveis caminhos de subversão dessa realidade, a partir do diálogo com as suas vivências.
MESA 2 - CORPO COM DEFICIÊNCIA E SAÚDE: NARRATIVAS, PODERES E INTERVENÇÕES
https://www.youtube.com/watch?v=cxKd9xvqCPc
Informações gerais
Data: 12 de novembro 2021.
Início: 17h00 - Duração: 2 horas e 30 minutos
Integrantes da mesa
Mediação: Silvia Oliveira Pereira.
Professora Adjunta da UFRB, Pós-doutora em Saúde Coletiva (UFBA), Doutora em Saúde Coletiva (UFBA) Mestre em saúde comunitária (UFBA), Assistente Social (UCS).
Componentes da mesa:
• Beatriz Verzolla - fonoaudióloga (UNIFESP) e doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva do Departamento de Medicina Preventiva (FMUSP)
• Camila Ximenes - terapeuta ocupacional e professora do curso de graduação em Terapia Ocupacional da USP, mestre em Ciências Médicas - Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - USP e doutoranda pelo programa “Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades (DIVERSITAS/FFLCH/USP)
• Raphael de Jesus - profissional de Educação Física (UNICAMP) e doutorando pelo programa “Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades (DIVERSITAS/FFLCH/USP)
• José Roberto Amorim (Convidado palestrante): Militante nos movimentos da pessoa com deficiência desde 1977. Integrante da FCD (Fraternidade Cristã de Deficientes) e também conselheiro de saúde de uma UBS (Unidade Básica de Saúde) localizada em Artur Alvim, na zona Leste de São Paulo.
Ementa da mesa
A mesa “Corpo com deficiência e saúde” visa proporcionar uma discussão no sentido de compreender “corpo com deficiência” como elemento de dimensão política e epistêmica, seja a partir da concepção das políticas públicas ou no campo da assistência em saúde. Neste cenário se manifestam como se legitimam tanto históricas expressões da discriminação e exclusão social, como dos incipientes movimentos de resistência e enfrentamento na direção de se afirmar a saúde para além do campo jurídico, mas como um dos princípios necessários para o “bem viver”.
Objetivos:
● Compreender as narrativas de atores políticos com deficiência enquanto corpos institucionalizados em estabelecimentos de saúde e reabilitação, observando a expressão dos poderes, intervenções e das resistências.
● Compreender como o direito à Saúde se materializa no cotidiano dos serviços de saúde da cidade de São Paulo em relação à população com deficiência.
● Apresentar aspectos históricos relacionados às teorias e práticas eugenistas desenvolvidas no final do século XIX e durante a primeira metade do século XX, evidenciando suas relações com as intervenções voltadas às pessoas com deficiência.
Fala 1: Direito à saúde, para quem? Reflexões sobre o acesso de pessoas com deficiência aos serviços de saúde da cidade de São Paulo (Camila Cristina Bortolozzo Ximenes de Souza)
A saúde é definida pela Constituição Federal como direito de todos e dever do Estado, com garantia de acesso igualitário e universal às ações e serviços de saúde. De fato, desde 1988, inúmeras políticas, manuais, programas indutores e cursos de formação foram elaborados no âmbito do SUS aspirando cumprir com essas premissas. Entretanto, tais medidas foram insuficientes para construir o acesso universal no cotidiano dos serviços de saúde. Este cenário agrava-se a cada dia com o franco desmonte do SUS, apoiado por um ideário eugenista e liberal que escolhe quem pode ou não pertencer aos “iguais” aos quais os textos legais se referem. As reflexões aqui produzidas se apoiam nos resultados de uma pesquisa etnográfica, realizada entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2020, que teve por campo duas regiões da capital paulista – uma entre os maiores IDHs da cidade, e a outra entre os menores. Nestes bairros, pôde-se frequentar duas unidades básicas de saúde e um serviço de reabilitação, e encontrar seus usuários e trabalhadores. Nestes encontros, situações graves de naturalização do sofrimento de pessoas com deficiência foram presenciadas e ouvidas, bem como as enormes dificuldades dos serviços para operacionalizar o acesso à saúde resolutiva, integral, de qualidade, gratuita e equânime para todos.
Fala 2: Eugenia e deficiência sob uma perspectiva histórica (Beatriz Lopes Porto Verzolla)
A eugenia, termo cunhado por Francis Galton em 1883, ganhou espaço no meio médico ao longo das primeiras décadas do século XX, tendo sido estudada e aplicada em diferentes contextos, com diversas finalidades. A eugenia alcançou de forma significativa a interface medicina/educação, tendo como um de seus pilares os estudos sobre a inteligência. Neste contexto, foram criadas, aprimoradas e aplicadas escalas de inteligência baseadas em definições do que seria considerado “normal” e “anormal”. Os testes psicométricos, desenvolvidos a partir de pesquisas de base eugenista, eram utilizados para mensurar a inteligência e direcionar o processo educacional, sob um enfoque médico-pedagógico. Também eram utilizados para respaldar teorias racistas entre os eugenistas, que buscavam agregar conhecimentos da psicometria e da estatística para reforçar numericamente a superioridade dos brancos sobre os negros. O campo da surdez também foi alvo dos eugenistas. Contemporâneo de Galton e favorável a suas ideias, Alexander Graham Bell alertava que o casamento de “surdos-mudos” congênitos por sucessivas gerações poderia resultar na formação de uma variação surda da raça humana, que compartilharia língua e cultura próprias. Dessa forma, propunha a proibição do uso da língua de sinais e do contato de crianças surdas com professores surdos nas escolas e o estímulo à oralização na educação dos surdos, medidas que levariam à redução dos casamentos entre surdos e, consequentemente, do nascimento de crianças surdas. Medidas de esterilização compulsória contra pessoas com deficiência foram adotadas ao longo das primeiras décadas do século XX na Alemanha nazista e nos Estados Unidos. No Brasil, apesar de a proposta de esterilização compulsória apresentada na Assembleia Constituinte de 1933 não ter sido aprovada, outras medidas de segregação das pessoas com deficiência eram defendidas por diferentes pesquisadores e médicos do período, favoráveis à educação eugênica e ao controle de casamentos.
Fala 3: o corpo com deficiência: o cuidar como questão epistêmica (Raphael de Jesus Pinto)
Ao corpo com deficiência foram atribuídos diversos sentidos e significados que se legitimavam a partir da construção epistêmica e na expressão das relações de poder e saber. Nesse sentido, no fim do século XIX este corpo passa a ser compreendido a partir do paradigma biomédico, que influenciara fortemente nas incipientes políticas públicas e na condução da assistência em saúde reservada a essa população. A partir da pesquisa de doutoramento “O corpo com deficiência: a visão de pessoas com deficiência que participam de ações políticas na cidade de São Paulo” foi possível observar algumas narrativas acerca da experiência do corpo com deficiência enquanto objeto de institucionalização dos estabelecimentos de saúde e reabilitação. O que tais narrativas nos revelam acerca do corpo enquanto expressão política? O que as experiências singulares dessas narrativas contribuem para se pensar no paradigma do cuidado e da interdependência enquanto elementos de potência epistêmica, ética e política? Pensar as dimensões citadas a partir dos atores políticos em questão torna-se importante para a transcendência dos debates em torno da assistência a saúde dos corpos com deficiência ancoradas apenas em uma concepção institucional/estatal de ordem tecnicista e jurídica.
Fala 4: Experiências do corpo: pensando a deficiência e a participação (José Roberto Amorim)
Será apresentada a experiência do convidado/palestrante com relação sua participação em arenas políticas como o conselho de saúde presente em uma UBS localizada em Artur Alvim, na zona leste de São Paulo.
MESA 3: CORPOS - SILENCIAMENTOS, TESTEMUNHOS E RESISTÊNCIAS
https://www.youtube.com/watch?v=vNRveNYe2qc
Informações gerais
Data: 27/11/2021
Início: 10h00 - Duração: 2 horas
Integrantes da mesa
Mediação: André Mota.
Professor Livre-Docente do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP e do Programa de Pós-Graduação – Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades do Diversitas-Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da FFLCH/USP e Coordenador do Museu Histórico da Faculdade de Medicina da USP.
Componentes da mesa:
• Cintia Castellani – Terapeuta Ocupacional, mestranda pelo Diversitas/ FFLCH- USP. Atualmente é docente na Universidade Anhembi Morumbi, Unisa e Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein.
• Daniela Melo - Terapeuta Ocupacional. Mestre pela UNIFESP. Doutoranda pelo Diversitas/FFLCH-USP. Atualmente, é docente da Universidade Anhembi Morumbi e da USP.
• Mila Guedes - Ativista pelos direitos humanos das pessoas com deficiência. Atualmente, é mestranda pelo Diversitas/ FFLCH- USP e coordena o projeto sobre Gênero, Deficiência e Violência na Mobility International USA.
• Nilma Sladkevicius - Professora alfabetizadora da Educação de Jovens e Adultos (EJA), vencedora do Prêmio Educador Nota 10, com o projeto “Um sorriso negro, um abraço negro”. Pós graduada em Pedagogia Social na Educação de Jovens e Adultos, Violência Doméstica Contra Criança e Adolescente e Especialização em Educação de Jovens e Adultos.
Ementa da mesa:
A mesa “Corpos - Silenciamentos, Testemunhos e Resistências” trará uma discussão acerca do silenciamento infligido a diferentes corpos, destacando seus lugares em serviços de saúde, educação e movimentos sociais; reconhecer suas vozes e, por fim, legitimar suas estratégias de enfrentamento e resistência na transformação de realidades e contextos em que estão inseridos.
Objetivos:
• Ampliar a discussão sobre as narrativas e suas contribuições na produção partilhada do conhecimento sobre os sujeitos que tem o corpo como campo de prática e reflexões;
• Problematizar esta temática, abrindo o diálogo e propondo discussões a partir da realidade sobre as experiências individuais e coletivas.
Fala 1: Testemunhos de mistanásia: narrativas de negligência no cuidado em saúde (Cintia Castelani)
Realizada à luz da reflexão desenvolvida acerca do conceito de Vida Nua do filósofo italiano Giogio Agamben, a discussão sobre a vida matável traz elementos para investigar a natureza dos cuidados em saúde dedicados às pessoas sobreviventes da mistanásia em hospitais, buscando compreender como se estabelecem as relações de poder no cuidado em saúde. O Homem matável é a vítima da negligência do cuidado, aquele que pode ser morto, que não está imbuído da cidadania, que não tem valor, que é completamente sem valor, que se submete a políticas públicas que são predadoras.
Fala 2: Movimento estudantil da Terapia Ocupacional e participação política feminina na ditadura civil-militar (Daniela Melo)
À luz de testemunhos do movimento estudantil da Terapia Ocupacional - marcado pelo viés de gênero -, o tema da participação política feminina na ditadura civil-militar brasileira será abordado. Apesar da restrição, do controle das atividades políticas e da clandestinidade, compreendemos que o movimento estudantil manteve sua continuidade, mesmo durante os chamados anos de chumbo, por meio de estratégias de resistência, ações afirmativas da democracia no cotidiano das instituições de ensino superior e, sobretudo, subvertendo a invisibilidade dessas estudantes.
Fala 3: Mulheres com deficiência e movimento feminista (Mila Guedes)
O movimento feminista não reconhece a pauta das mulheres com deficiência e o movimento das pessoas com deficiência não discute as consequências do gênero na presença da deficiência. Essa mesma situação de invisibilidade também afeta as pessoas, geralmente mulheres, que cuidam de pessoas com deficiência. Na verdade, a condição de segregação social que atinge pessoas com deficiência, em qualquer faixa etária, estende-se à mulher que assume seu cuidado.
Fala 4: Um sorriso negro, um abraço negro (Nilma Sladkevicius)
A problematização trazida para sala de EJA referente a preconceitos, revelaram que as problemáticas enfrentadas pelos alunos também fazem parte de situações vivenciadas pela comunidade, situações essas que marginalizam o indivíduo, diminuem sua autoestima, tirando seu valor e sua dignidade. Dessa forma a intervenção da escola, dentro e fora da sala de aula, se faz necessária, mediando a aquisição de ferramentas que auxiliem na superação de conceitos e preconceitos tão velados e ao mesmo tempo tão gritantes em nossa sociedade.