DISCIPLINA: HDL5038 – Cinemas Negros no Sul Global: África e América Latina

Docentes:

Jusciele Conceição Almeida de Oliveira
Celso Luiz Prudente
Ricardo Alexino Ferreira
    
Início:  19 de abril de 2022
Dia da semana: terças-feiras
Horário: 19h30 às 22h50
Modalidade: Não presencial
Plataforma: Google meet
Nº de Créditos: 08

Período de Inscrições:

Aluno Especial, UNESP e UNICAMP
01 a 07 de fevereiro de 2022
10 vagas
Mais informações: Inscrição Aluno Especial, UNESP E UNICAMP – 1º semestre 2022 | DIVERSITAS (usp.br)

Aluno Regular
Pré-matrícula: 03 a 21 de março de 2022
Sistema Janus 

 

PROGRAMA
 
Objetivos
- Apresentar um panorama teórico, estético e crítico dos cinemas negros do sul global com foco na África e América Latina; 
- Contextualizar os cinemas africanos a partir de uma historiografia crítica, com foco em demandas de classificação e dilemas de produção e difusão; 
- Discutir questões presentes nos filmes contemporâneos (documentário e ficção), ressaltando elementos da análise fílmica; 
- Entender os cinemas negros como uma tendência da educação das relações étnico-cinematográficas do afrodescendente enquanto maioria minorizada; 
- Abordar a produção dos cinemas ibero-ásio-afro-ameríndio; - Transversalidades das diversidades étnico-sociais nos cinemas negros
 
Justificativa
Com os princípios da descolonialidade e decolonialidade, os cinemas negros produzidos por países africanos e no Brasil apresentam novas realidades, estéticas, discursos e narrativas, além de várias novas possibilidades críticas sobre assuntos antes pouco abordados. 
Os cinemas africanos, por exemplo, desagregam fronteiras sociais, econômicas, culturais e estéticas no mundo e constituem novos cânones locais e globais, propondo articular cultura com a arte e com a política, que se tornam vitais e necessárias para transformação do espaço e para a emergência de novas fronteiras, culturas, pensamentos, discursos e estéticas. 
Os realizadores e realizadoras africanas questionam e subvertem o modelo paradigmático tradicional do fazer cinematográfico em busca de novas e revolucionárias estéticas para poderem estabelecer novos padrões narrativos que desafiem a ortodoxia cinematográfica. Por outro lado, os cinemas negros brasileiros têm na sua origem a transnacionalidade, marcada por uma tendência da educação das relações étnico-cinematográficas do afrodescendente, enquanto maioria minorizada na horizontalidade da imagem ibero-afro-ameríndio, Ou seja, em que o ponto identitário é a língua portuguesa que se faz na condição dos povos que foram vítimas da colonização euro ocidental. 
Os cinemas negros também permitem abordar um campo de análise das transversalidades étnico-sociais, que podem ser analisados dentro do campo epistemológico chamado de Etnomidialogia, que permite entender identidades diversas em suas narrativas e personagens. 
Assim, a disciplina reivindica a importância acadêmica e cultural das questões teóricas, estéticas e críticas dos cinemas negros africanos e latino-americanos, com ênfase na produção brasileira, bem como a atualidade das demandas a respeito da análise fílmica destas cinematografias.

 
Conteúdo
Tratar os cinemas negros, envolvendo as produções africanas e latino- americanas (com ênfase no Brasil), em suas perspectivas descoloniais e decoloniais a partir da sua estética, discursos e narrativas, abordando também identidades, representações e representatividades. 

I. À guisa de conceituações 
- Cinemas negros e suas construções fílmicas; 
- Epistemologias dos cinemas negros; - Diferenças entre cinemas negros africanos e cinemas negros latino- americanos; 
- Análises dos cinemas negros nas perspectivas etnomidialógicas. 

II. Cinemas negros africanos 
- Primeiros obstáculos: o infortúnio da terminologia e demais demandas de classificação dos cinemas africanos; 
- Litígios teóricos em torno dos cinemas africanos; - Imagens da África: (ainda) é preciso descolonizar!; - Da chegada do cinema ao continente africano à sua historiografia; 
- Entre o paradoxo da africanidade/autenticamente africano e do exótico: elementos da cultura africana na cinematografia do continente; - Condições de produção nos cinemas africanos; 
- Os cinemas africanos contemporâneos: dilemas de produção e difusão. 

III. Cinemas negros latino-americanos: o Brasil em destaque. 
- O início da sistematização do cinema brasileiro, a chanchada; 
- Cinema Novo como possível referencial estético, na representação do proletariado e o desdobramento dos empobrecidos, no campo e na cidade; 
- O nascimento do cinema negro no seio do cinema novo: preocupação glauberiana de descolonização revolucionaria africana; 
- Dimensão pedagógica do cinema negro: a imagem de afirmação positiva do ibero-ásio-afro-ameríndio, enquanto filmografia das minorias no resgate do papel de sujeito histórico, escrevendo roteiro e realizando filme.

 IV. Cinemas negros em perspectivas etnomidialógicas 
- Os cinemas negros nas mídias; 
- Identidades, representações e representatividades nos cinemas negros; 
- Transversalidades étnico-sociais nos cinemas negros

Bibliografia
BAMBA, Mahomed; MELEIRO, Alessandra (orgs). Filmes da África e da diáspora: objetos de discurso. Salvador: EDUFBA, 2012. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/16758/1/filmes-da-africa-e-…- diaspora.pdf 
BERNARDINO-COSTA, Joaze e outros. Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica. 2019. 
ESTEVES, Ana Camila; OLIVEIRA, Jusciele. Cinemas Africanos contemporâneos - abordagens críticas. São Paulo: Sesc, 2020. Disponível em: http://mostradecinemasafricanos.com/publicacoes/ 
FERREIRA, Carolin Overhoff (org). África: um continente no cinema. São Paulo: Editora Unifesp, 2014.
FERREIRA, Ricardo Alexino. Representações negras nos filmes Sinhá Moça e o Pagador de Promessas: Ruth de Souza e Antônio Pitanga driblam papéis de figurantes. In: PRUDENTE, C. L.; SILVA, P. V. B. (Org.). Anais da 16ª Mostra Internacional do Cinema Negro: educação, cultura e semiótica. 1. ed. São Paulo: Jandaíra E-book p. 470 -486. 
MELEIRO, Alessandra (org). Cinema no mundo: indústria, política e mercado: África. São Paulo: Escrituras, 2007 PRUDENTE, Celso Luiz. (2020ª). A fragmentação do mito da democracia racial e a dimensão pedagógica do cinema negro. Revista Internacional em Língua Portuguesa, n. 38, p. 157-171, 6 ago. 2020 DOI https://doi.org/10.31492/2184-2043.RILP2020.38/pp.157-171>. Disponível em: https://www.rilp-aulp.org/index.php/rilp/article/view/118> Acesso em 210 jan. 2021. 
PRUDENTE, Celso e SILVA, Darcilene (org). A Dimensão Pedagógica do Cinema Negro aspectos de uma arte para a afirmação ontológica do negro brasileiro: o olhar de Celso Prudente. São Paulo: Anita Garibaldi.
PRUDENTE, Celso. A dimensão pedagógica do Cinema Negro: a imagem de afirmação positiva do ibero-ásio-afro-ameríndio. Revista Extraprensa, 13(1), 6- 25. DOI: https://doi.org/10.11606/extraprensa2019.163871> Disponível em: https://www.revistas.usp.br/extraprensa/article/view/163871/159246> Acesso em 25 abr. 2020. 
QUIJANO, Anibal. Ensayos en torno a la colonialidad del poder. Buenos Aires (Argentina): Ediciones del Signo. 2019 
RODRIGUES, João Carlos. O negro brasileiro e o cinema. 3a. ed., Rio de Janeiro: Pallas. 2001 
SEGATO, Rita. Crítica da colonialidade em oito ensaios: uma antropologia por demanda. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo. 2021.

Forma de avaliação
Para avaliação será solicitado um ensaio crítico (até 10 páginas) sobre um filme africano ou latino-americano, em que deverão ser associados os textos teóricos ou conceitos discutidos e indicados na disciplina, com pontuação de zero a 10 pontos.