Docentes: André Mota; Eucenir Fredini Rocha; Silvana de Souza Nascimento
    
Início:  31/08/2021
Dia da semana: terças-feiras
Horário: 19h às 22h
Modalidade: à distância – plataforma Google Meet
Nº de Créditos: 08

 

Período de Inscrições

Aluno Regular
Pré-matrícula: 05 a 11 de julho de 2021
Sistema Janus 

Aluno Especial, UNESP e UNICAMP
05 a 18 de julho de 2021
10 vagas
Mais informações: Inscrição Aluno Especial, Aluno UNESP E UNICAMP – 2º semestre 2021 | DIVERSITAS (usp.br)

 
PROGRAMA
  
Objetivos
A disciplina se dispõe a refletir sobre o “corpo” e corporalidades considerando o princípio da interdisciplinaridade e a necessidade do enfrentamento dos preconceitos, discriminações, estigmas e intolerâncias tão presente em dias atuais. 
Almeja ainda, compreender o “corpo” como uma categoria de análise, suas expressões epistêmicas e, consequentemente, os modos como os diferentes entendimentos sobre o mesmo reflete em ações e posicionamentos relacionais, sociais, culturais, técnicos e políticos. 
Pretende também ocasionar reflexões que contribuam para o respeito às diversidades socioculturais, à garantia dos direitos humanos, à educação e à assistência à saúde digna, ao bem viver, ao bem morar e ao exercício da liberdade.
 
 
Justificativa
A construção de conhecimento previsto na disciplina apoia-se na constatação da necessidade de promover reflexões capazes de dispararem propostas transgressoras das distopias tão fomentadas pelo neoliberalismo na sociedade moderna, na direção da constituição de utopias. Nesse sentido, se entende a potência das corporalidades como tema centralizador e agregador desse debate.
A reflexão proposta demanda conhecimentos que considerem as experiências dos corpos no mundo moderno e contemporâneo, as tensões presentes das relações afetivas, sociais e políticas que agem sobre eles, suas expressões na sociedade, nos sistemas de informação e de comunicação, nas práticas de saúde, educação, cultura e no campo das relações de trabalho.
 
Conteúdo
A disciplina centra o debate no conhecimento e na compreensão do corpo e da corporalidade, acentuando uma dimensão crítica na defesa da dignidade humana. Com a temática “Corpo ou corpos? Tempo, experiências e intervenções” almeja-se discutir o corpo como posto na filosofia cartesiana, o corpo mecânico, e a proposta espinosana de corpo relacional, e suas expressões no mundo moderno, como o diálogo com a diversidade sociocultural, com o político, com o histórico e com a necessidade de ações solidárias.  
Serão abordados aspectos como a banalização do corpo, que o compreende como algo que “se tem” e não que se “é”, expressa nas diversas adjetivações a ele atribuído, advindas das premissas do fascismo capitalista que entende o corpo como objeto de consumo e consumidor. Ainda nessa lógica, o corpo é espetáculo, é força de trabalho alienado, necessita ser normatizado por intervenções do campo da saúde, da educação, da estética, da mídia, precisa ser protetizado, é ciborgue, tem o seu desejo sequestrado. 
Pretende-se ainda observar o corpo vivido no mundo atual como objeto de extermínios e discriminações, controlados em sua sexualidade, gênero, cultura, raça e classe social. Desse modo, são corpos dissidentes, diferentes e “desinteressantes“ para o sistema político e econômico, corpos que valem e corpos que não valem, corpos matáveis e descartáveis no tempo e no espaço. Trata-se, portanto, de uma discussão sobre corpo e poder.

Metodologia
Serão utilizadas diferentes formas de ensino e construção de conhecimento: leituras, vídeos, aulas expositivas e dialogadas, debates, rodas de conversa, mesas redondas com convidados externos. Será estimulada a participação ativa de todos os participantes.
  
Bibliografia
AUDOIN-ROUZEAU, S. Massacres – O corpo e a guerra. CORBIN, Alain; COURTINE, Jean-Jacques e VIGARELLO, Georges. História do Corpo: da Renascença às Luzes. Volume 3. Editora Vozes, Petrópolis. 2012.  p. 365-416.
Blog da Boitempo. https://blogdaboitempo.com.br/2011/10/28/sete-teses-sobre-walter-benjam…  Sete teses sobre Walter Benjamin e a teoria crítica, Michel Lowi, 28/10/2011.
BRAGA, L. C. M. Indignação, Política e Direito em Espinosa. Quaestio Iuris. vol.11, nº. 02,Rio de Janeiro, 2018. p. 1037-1051. In: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/quaestioiuris/article/view/…
BRETON, D. Antropologia do corpo e da modernidade. Editora Vozes. Petrópolis, 2011. Cap. 1 e 2. 
CHAUI, M. Janela da alma, espelho do mundo In NOVAES, Adauto (org.). Olhar, São Paulo, Cia. das letras, 1995.p.31-64.
CHAUI, M. Desejo, paixão e ação na ética de Espinosa. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
CHAUI, M. Medo e esperança, guerra e paz. Cap. 5 IN: Desejo, paixão e ação na ética de Espinosa. São Paulo : Companhia das Letras, 2011. p.173-191.
COURTINE, J-J. Dos americanos ordinários -  A genealogia das imagens de Abou Ghraid. In: Decifrar o corpo: Pensar com Foucault. Petrópolis, RJ. Ed. Bozes, 2013. p. 143-174.
COURTINE, J-J. O corpo anormal – História e antropologia culturais da deformidade. In: CORBIN, Alain; COURTINE, Jean-Jacques. VIGARELLO, Georges. História do Corpo: da Renascença às Luzes. Volume 3. Editora Vozes, Petrópolis. 2012.  p. 253-340.
DAGOGNET, F. O corpo, Rio de Janeiro, Forense Universitária, 2012.
DANTAS, M. Arthur Bispo do Rosário – a poética do delírio. São Paulo, Unesp, 2009.
EVARISTO, C. Insubmissas Lágrimas de Mulheres. Editora Malê, São Paulo, 2016. Caps. Natalina Soledad, Shirley Paixão, Isaltina Campo Belo, Mirtes Aparecida da Luz.
FERNANDES, CL. Espinosa, conhecimento e felicidade: a filosofia e o sentido da vida. Publicado em 16 de novembro de 2015. In: https://filosofiaevidablog.wordpress.com/2015/11/16/espinosa-conhecimen…
FREIRE, I. Discursos sobre emancipação das mulheres e feminismos na Modas & Bordados, no pré e pós-revolução dos Cravos In Faces de Eva, no. 42, 2019. p.85-102
HARAWAY, D. O manifesto ciborgue: ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX. Autêntica: Belo Horizonte, 2000.
LEENHARDT, M. Do kamo: La persona y el mito en el mundo melanesio. Paidós, Barcelona, 1997 [1947] Cap. 2. 
MAIA, AC. Biopoder, biopolítica e o tempo presente. In:  NOVAES, Adauto (org.) O homem-máquina: a ciência manipula o corpo. São Paulo, Cia das Letras, 2003.p.77-108.
MARIA DE JESUS, C. Quarto de despejo: Diário de uma favelada, 1960.
MARTINHO, F. C. P. A Revolução dos Cravos e a historiografia portuguesa In Estudos Históricos, Rio Janeiro, vol.30 no.61, 2017.p. 465-478
MBEMBE, A. Necropolítica. N-1 edições, 2018.
MIGLIAVACCA, E. M. A alma nua: Lucian e Sigmund Freud In Psicanálise e cultura. São Paulo, 2008.p.56-61.
MOTA, A. e BORYSOW, I. da C. Quanto valem esses corpos? Moradia, pobreza e pandemia na cidade de São Paulo In Revista NUPEM . 13 n. 29, 2021: Dossiê: Ciência, saúde e doenças no Brasil: abordagens históricas e desafios contemporâneos.
MOTA, A. Quem é bom já nasce feito: sanitarismo e eugenia no Brasil. Rio de Janeiro, DP&A, 2003.
OLIVEIRA, Denilson Araújo, Questões acerca do genocídio negro no Brasil. Revista ABPN, vol.12, 2020. https://www.abpnrevista.org.br/index.php/site/article/view/867/793
PRECIADO, P. B. O manifesto contrasexual – práticas subversivas de identidade sexual. N-1 edições: SP, 2014. Cap. “Contrasexualidade”
PRECIADO, P. B. “Multidões queer: notas para uma política dos “anormais”. In. Estudos Feministas (19 – 1). Florianópolis, 2011. https://www.scielo.br/j/ref/a/yvLQcj4mxkL9kr9RMhxHdwk/?lang=pt&format=p…
ROUANET, S. P. O homem máquina hoje. In: NOVAES, Adauto. O Homem-Máquina. A ciência manipula o corpo. Editora Companhia das Letras, São Paulo. 2003 p. 37-64
SANTANNA, D. B. Corpo e história. São Paulo, Caderno de Subjetividade PUCSP, 1995, p.243-266
SANTOS, VR DOS S.; RIBEIRO. WC. Spinoza, uma filosofia da imanência dos afetos. Kínesis, Vol. XII, n° 33, dezembro 2020, p.198-212. https://doi.org/10.36311/1984-8900.2020.v12n33.p198-212
SARDO, S. F. Folclore e Canção de Protesto em Portugal: repolitização e (con)sentimento estético em contextos de ditadura e democracia In Debates – Cadernos do Programa de Pós-graduação UNIRIO, no.12, 2014. p.63-77
SECCO, L. Trinta anos da revolução dos cravos In Revista Adusp, São Paulo, 2004. p.1-12
SEEGER, A.; DA MATTA, R.; VIVEIROS DE CASTRO, E. A construção da pessoa nas sociedades indígenas brasileiras. Boletim do Museu Nacional, nº 32, maio de 1979. 
SOUZA, V. S. "Renato Kehl e a eugenia no Brasil: ciência, raça e nação no período entreguerras", Rio de Janeiro, EDUNI, 2019.
STEPAN, N. A hora da eugenia. Raça, gênero e nação na América Latina, Rio de Janeiro, 2005.
TRONCA, I. História, Razão e Loucura: A terceira margem... In NAXARA, Márcia; MARSON, Isabel; BREPOHL, Marion (orgs.) Figurações do outro. Uberlandia, EDUFU, 2009.p.261-284.

 
Vídeos
(Documentário) Homo sapiens 1900, Direção Peter Cohen (1998)
(Documentário) O Prisioneiro da Passagem, Direção Hugo
Denizart (1982) http://www.ccms.saude.gov.br/videos/o-prisioneiro-de-passagem-arthur-bi…
 (Documentário) Portugal antes do 25 de Abril de 1974, RTP, 2004
https://www.youtube.com/watch?v=TQYNje4CKk8
A ocupação Mauá. Documentário sobre o movimento de sem tetos em São Paulo. https://www.youtube.com/watch?v=WfTSQ4zYbTo
As Capulanas Cia de Arte Negra. “Pé no Quintal”. https://spcultura.prefeitura.sp.gov.br/agente/12961/
Tudo tem kusiwa. Direção: André Lopes e Dominique Tilkin Gallois, 2016. http://lisa.fflch.usp.br/node/287
VOL . 1 HUMAN – trata dos temas do amor, das mulheres, do trabalho e da pobreza. São as nossas diferenças tão grandes? https://www.youtube.com/watch?v=TnGEclg2hjg -  Human vol 1 – 1 h e 24 min
VOL. 2 HUMAN – trata dos temas da guerra, do perdão, do homossexualidade, da família e da vida após a morte. https://www.youtube.com/watch?v=ZJ3cImzjNps – Human vol 2 – 1 h e 26 min
VOL. 3 HUMAN – trata dos temas da felicidade, da educação, da deficiência, da corrupção e do sentido da vida. O que nos torna humanos? Por que será que amamos, por que brigamos? Por que rimos? Choramos? Nossa curiosidade? A busca pela descoberta? E, no final, o que é um ser humano hoje? Qual é o significado da vida humana? Não compartilhamos mais valores do que pensamos? https://www.youtube.com/watch?v=RVWwGak3nQY -  Human vol3 – 1 h e 33 min
PRECIADO, P. B. Paul Preciado na Jornada da Escola da Causa Freudiana [Mulheres em Psicanálise]. https://www.youtube.com/watch?v=UEkaKjUG7fY

Forma de avaliação
A avaliação será realizada, de acordo com os critérios estipulados pela PRPG-USP, com a entrega de um ensaio, ao final do curso, considerando algum dos temas tratados na disciplina, com referencial teórico utilizado nas aulas (obrigatório) e outros pertinentes (optativo). Formato: em PDF, com 5 páginas, fonte arial ou times new roman, espaço entre linhas 1,5, a ser entregue em data a ser divulgada no primeiro dia de aula. O ensaio terá a nota de zero a 10 (dez) e valerá 100% da avaliação.