Teses e Dissertações do Grupo de Pesquisa Filosofia e Direitos Humanos

Andréa Monteiro Uglar Pessoa

Aproveitando-nos da aproximação entre Filosofia e Literatura, sem que necessariamente haja ou intente-se uma identificação entre a obra romanesca e a teoria filosófica, pretendemos efetuar uma análise dos contos do filósofo francês Denis Diderot: Mistificação, Os dois amigos de Bourbonne, Isto não é um conto, Mme de La Carlière - também conhecida como Sobre a inconseqüência do julgamento público de nossas ações particulares - e Suplemento à viagem de Bougainville - ou Diálogo entre A e B - Sobre o inconveniente de atribuir idéias morais a certas ações físicas que não as comportam. Esta análise dar-se-á no interior da concepção materialista e naturalista do filósofo, buscando evidenciar a reflexão moral e a crítica aos dogmas religiosos e morais contrários à natureza

 


 

Antonio José Pereira Filho

O princípio moderno de que só podemos conhecer aquilo que fazemos ( verum factum convertuntur) assume na obra de Vico um sentido peculiar. De início, aproximando-se e distanciando-se dos filósofos pós-cartesianos, Vico toma o princípio do verum-factum como eixo argumentativo para empreender uma revisão das teses cartesianas frente às críticas céticas. O resultado é a reivindicação de um espaço legítimo de conhecimento no qual o homem torna-se senhor dos seus próprios objetos. Na obra mais madura, porém, Vico toma este princípio como ponto de partida para se pensar uma ciência do mundo humano na sua dimensão própria - a história. É impossível não reconhecer o tom prometeico desta conversão. Porém, diferentemente de outros filósofos modernos, Vico não se vale do princípio do verum-factum como critério de planificação do mundo histórico- civil. Aqui topamos com a outra ponta do fio da idéia viquiana da história: a noção de "providencia". Como conciliar as duas afirmações? Se a história é fruto de Deus e não dos homens, com que direito pode-se almejar conhecê-la, uma vez que só se pode conhecer aquilo que se faz? Trata-se de uma contradição flagrante ou um sinal de prudência? Devemos concluir que Vico, a fim de salvar o conhecimento histórico, cai numa visão mistificadora, na qual o filósofo que reflete sobre a história, identificando-se plenamente com a mente divina torna-se uma espécie de Deus, sendo capaz de abarcar a história na sua totalidade e,   ao mesmo tempo, fazer prognóstico sobre nossa condição futura? Qual o significado do termo "providência" em Vico e em que sentido os "homens fazem a história"? Tem sentido considerar Vico um "filósofo da história" no sentido moderno do termo? O que dizer da separação da história "sagrada" e "profana" efetuada pelo autor? Teria Vico dado um passo atrás em relação ao processo de laicização moderno? ) Ou, ao contrário, ele antecipou criticamente as dicotomias deste processo? A fim de responder estas questões, veremos que na verdade as ambivalências de Vico fazem parte de uma estratégia argumentativa que parece encarnar o primeiro movimento em que a modernidade revê seus próprios pressupostos, realiza uma autocrítica, sem contudo abrir mão de uma idéia de humanidade e de razão. Nossa leitura terá como pano de fundo o contexto filosófico da tradição renascentista da qual Vico é considerado o herdeiro tardio, e as discussões em torno da fundamentação do saber na passagem do século xvii para o século xviii. É entre estes dois momentos que Vico tenta imprimir sem sucesso suas idéias, que não por acaso só frutificariam muito tempo depois.

 


 

Antonio Jose Pereira Filho

Pretende-se mostrar, neste trabalho, como as relações entre linguagem e práxis formam o núcleo do projeto filosófico de Giambattista Vico. Trata-se de um projeto complexo e que se realiza em diferentes momentos a partir de um confronto com a concepção mentalista da linguagem. Vico identifica no método de Descartes e no logicismo de Port-Royal, no assim chamado cartesianismo lingüístico, uma concepção extremamente redutora que põe em segundo plano a dimensão social e expressiva dos fenômenos da linguagem. Nosso objetivo é reconstituir os principais momentos do projeto de Vico (o que faremos através de uma leitura das primeiras obras do filósofo) e como ele se configura na Ciência Nova, sobretudo na sua última edição (de 1744). Com isso, pretende-se mostrar o que há de novo na perspectiva de Vico frente à tradição filosófica da qual ele procura se destacar e, assim, indicar o lugar preciso ocupado pelo filósofo italiano no que concerne aos estudos da linguagem. Nesse sentido, gostaríamos de defender aqui a tese de que o núcleo do projeto de Giambattista Vico consiste no novo tipo de relação que o filósofo estabelece entre os desdobramentos lingüísticos, as modificações (modificazioni) da mente e das instituições humanas. Veremos que a inteligibilidade desse processo passa pela elaboração de um novo método ou nova arte crítica que, levando em conta uma concepção da linguagem mais complexa que a do cartesianismo lingüístico, torna visível como o mundo das instituições humanas foi construído, como ele se desenvolve e como ele opera ao longo do tempo.

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Antonio Jose Pereira Filho

Pretende-se mostrar, neste trabalho, como as relações entre linguagem e práxis formam o núcleo do projeto filosófico de Giambattista Vico. Trata-se de um projeto complexo e que se realiza em diferentes momentos a partir de um confronto com a concepção mentalista da linguagem. Vico identifica no método de Descartes e no logicismo de Port-Royal, no assim chamado cartesianismo lingüístico, uma concepção extremamente redutora que põe em segundo plano a dimensão social e expressiva dos fenômenos da linguagem. Nosso objetivo é reconstituir os principais momentos do projeto de Vico (o que faremos através de uma leitura das primeiras obras do filósofo) e como ele se configura na Ciência Nova, sobretudo na sua última edição (de 1744). Com isso, pretende-se mostrar o que há de novo na perspectiva de Vico frente à tradição filosófica da qual ele procura se destacar e, assim, indicar o lugar preciso ocupado pelo filósofo italiano no que concerne aos estudos da linguagem. Nesse sentido, gostaríamos de defender aqui a tese de que o núcleo do projeto de Giambattista Vico consiste no novo tipo de relação que o filósofo estabelece entre os desdobramentos lingüísticos, as modificações (modificazioni) da mente e das instituições humanas. Veremos que a inteligibilidade desse processo passa pela elaboração de um novo método ou nova arte crítica que, levando em conta uma concepção da linguagem mais complexa que a do cartesianismo lingüístico, torna visível como o mundo das instituições humanas foi construído, como ele se desenvolve e como ele opera ao longo do tempo.

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Antonio Sergio da Costa Nunes

Este trabalho é resultado da pesquisa desenvolvida sobre a concepção do certum em Giambattista Vico. O nosso interesse foi encontrar nos diversos escritos filosóficos de G. Vico (1668-1744) um novo modo de apreensão da concepção original do pensador acerca do Conhecimento e de que modo ele apreendeu e trabalhou essa visão de mundo, ao contrário da visão tradicional, que atribuiu valor lógico ao modo de conhecer mediante o verdadeiro e o falso. Vico concebeu o conhecimento tanto como ordem do certum quanto como ordem do verum, realçando o papel originário do certum. Esse novo modo de perceber a ordem do certum confere ao saber viquiano uma lógica própria: a lógica do verossímil. A verossimilhança é trabalhada enquanto elemento que nos leva à certeza mediante a exclusão de toda exatidão matemática conferida ao conhecimento, nos propiciando a possibilidade de alcançá-lo na sua incerta abrangência e/ou nos seus incertos limites.

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Bruno Costa Simões

O objetivo desta pesquisa acerca da filosofia de Thomas Hobbes é retomar a sua descrição das faculdades da natureza humana apresentada nas seguintes obras: The Elements of Law Natural and Politic (1640), Troisièmes Objetions et Réponses - integrada por René Descartes às Méditations (1641) - Leviatã (1651), De Corpore (1655) e De Homine (1658). Por meio desse direcionamento bibliográfico, que serve de eixo da nossa exposição, a pesquisa pretende abordar os pressupostos científicos formulados pelo autor, segundo o método resolutivo-compositivo, o qual permite circunscrever as faculdades cognitivas (ou racionais) e motoras (ou passionais), demonstrando assim a noção de natureza humana. Por fim, a partir da reconstituição desses elementos, apresentaremos alguns desdobramentos morais, acarretados pela hipótese teórica de Hobbes que assume o movimento como princípio explicativo do funcionamento das faculdades do homem, inserindo-os desse modo num sistema mecânico que segue a ordem da relação física de choques entre os corpos, realizada no mundo natural

 


 

Douglas Ferreira Barros

Esta tese pretende demonstrar que a teoria da sobernia de Jean Bodin, apresentada no Methodus ad facilem historiarum cognitionem (1566), satisfaz à exigência de um julgamento metódico do conceito de república, constituindo-se como confrontação e crítica aos princípios do republicanismo renascentista da Itália. Diferentemente das abordagens ao pensamento de Bodin que consideram o texto de 1566 uma antecipação e um resumo da teoria da soberania apresentada nos Six livres de la République (1576), esta tese pretende mostrar que o esforço para criar um método para o conhecimento da história levou Bodin à filosofia política ou à civilis disciplina. Isto permitiu ao autor revisar os princípios do conceito de república, opondo-os aos princípios republicanos de Maquiavel e à liberdade civil veneziana. Essa oposição é necessária para o argumento de Bodin uma vez que sua teoria da soberania no Methodus não está baseada em uma filosofia do direito.

 


 

Eduardo Cardoso Braga

Trata-se de investigar as relações entre a teoria do conhecimento e a política no pensamento de Jean-Jacques Rousseau. Para tanto, foram analisadas as diferenças conceituais entre a teoria do conhecimento rousseauísta e o "materialismo", bem como suas implicações no campo moral. A principal objeção de Rousseau ao que chama de "materialismo" é a ausência, nessa teoria, de qualquer faculdade inata e espontânea. Ao contrário, Rousseau insiste em estabelecer a atividade espontânea de nossos julgamentos. Isso conduz diretamente ao voluntarismo professado por Rousseau, cujas inevitáveis conseqüências no estabelecimento do contrato e da vontade geral cabe também examinar. A presença da liberdade nas atividades humanas poderia pôr em risco o perfeito equilíbrio das forças na República. É necessário criar, pois, mecanismos que inspirem, no indivíduo, o sentimento de identificação com o corpo social. É necessário, em suma, formar o cidadão.

 


 

Everson Machado

O tema da religião adquiriu uma importância cada vez maior nos livros de Hobbes, a ponto de dar o nome e ocupar metade de seu livro mais famoso, o Leviatã. No entanto, em sua classificação das ciências, Hobbes exclui todos os temas da religião. A questão então é saber como um autor que tem um discurso inflexível sobre a ordem das razões trata de um assunto que, de antemão, foge ao saber filosófico. Hobbes apresenta duas versões de seus princípios de hermenêutica. Em ambas as versões, o resultado político é o mesmo: a última palavra sobre as Escrituras deve ser do soberano. No entanto, as conseqüências históricas são bastante diversas. A primeira versão encontra-se no De Cive, de feição humanista, enfatiza o aspecto histórico-literal do texto e não desconsidera a tradição. A segunda, a do Leviatã, assemelha-se ao modelo protestante de leitura interna e por analogia, mas também pode ser assimilada ao discurso filosófico dedutivo. A leitura humanista termina por interditar a interpretação das Escrituras como algo superior às possibilidades de conhecimento humano, sendo apenas possível confiar em uma autoridade cujo fundamento não seja humano, a saber, a igreja anglicana. A leitura filosófico-protestante é desenvolvida em circunstâncias históricas diferentes - em que a igreja não pode mais ser o fundamento da autoridade das Escrituras - e tem conseqüências diversas, resultando em uma leitura radical, contra a igreja visível. Contudo, as duas   interpretações - a humanista, historicizante, e a leitura filosófica, lógica complementam-se e apontam para um outro sentido de compreensão da história

 


 

Inara Luiza Marim

Diversas personalidades co-habitaram em Jean-Jacques Rousseau escritor, filósofo, copista, compositor, preceptor, legislador. Mas o que marca a singularidade de seus trabalhos são os inúmeros paradoxos que o atravessam. Tantos paradoxos poderiam sugerir uma obra esquizofrênica. Não é o caso. Entre sua obra e sua vida, a proximidade e a coerência dialogam todo o tempo, na tentativa de pensar a cisão própria do homem moderno vivendo em sociedade, já que nada mais pode garantir a unidade entre indivíduo e cidadão encontrada na antiguidade. As páginas seguintes discutem as diferentes configurações da relação todo-parte, no conjunto de três trabalhos de Jean-Jacques Rousseau: Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, Contrato Social e Considerações sobre o Governo da Polônia. Este recorte visa a mostrar como os paradoxos levantados por Rousseau ainda são centrais para as discussões sobre política em nossos dias