A perda e o medo: privação e acusação numa área rural em mudança

Autor
Rafael Henrique Teixeira
Ano
2007
Resumo / Abstract

O presente trabalho teve por objetivo retratar os quadros representacionais da população de uma cidade do interior do estado de São Paulo, Santo Antonio de Posse. Principalmente com relação às representações das transformações em seus modos de vida e do espaço da cidade. Para tal, um ponto de inflexão na história local é central. A chegada do "estranho", do desconhecido. A partir do contato com a alteridade, todo um novo conjunto de associações entre passado e presente é acionado, tanto para propósitos das leituras das transformações a que me referi, como também enquanto estratégia discursiva articulada à consolidação de identidades. Dentro desse percurso, mostrarei como é dispensado um papel central ao recém-chegado, o novo habitante. Ele é o depositário de toda a responsabilidade pelas mudanças ocorridas, o que dá cabo de um imaginário depreciativo em torno de sua figura, cuja decorrência é uma cultura do medo em relação ao mesmo. Elementos que causam toda uma reformulação a respeito do viver na cidade, bem como a definição do presente em contraposição a um passado comunitário. Elementos que serão buscados nas representações do imaginário local que, de alguma forma, está lidando e problematizando as transformações por que passa a localidade.

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Área do Conhecimento
Antropologia Social

Patrimônios: espaço e lugar. Estudo das Vilas de Cibele e Caiçara e seus conteúdos

Autor
Rusvênia Luiza Batista Rodrigues da Silva
Ano
2009
Resumo / Abstract

A pesquisa trata da análise dos espaços de duas vilas do interior de Goiás, sedes dos distritos de Cibele e Caiçara, considerando suas roças e imediações, assim como a peculiaridade de suas distintas situações geográficas, com vistas a apreender seus conteúdos que expressam os modos de morar lá encontrados. Elas foram compreendidas como patrimônios, categoria que pareceu, primeiramente, como nativa, mas que expressa, de fato, uma referência às nomeações das primeiras aglomerações urbanas brasileiras desde o período colonial. As vilas estão alocadas nas Regiões do Centro e Noroeste Goianos e foram fundadas no momento em que se dá a mudança da sociabilidade e da dinâmica produtiva das fazendas em Goiás, na segunda metade do século XX. A partir da desta mudança são fundados inúmeros patrimônios leigos em Goiás, constituídos por um processo de parcelamento, loteamento e venda das terras de fazenda e ocupados por ex-agregados excluídos dessas propriedades: camponeses que viviam como meeiros e arrendatários. O processo de transferência para novas formas de morar implica a formação e constituição do conjunto urbano que elucida os conteúdos rurais nas formas de uso do espaço, os quais expressam claras referências ao modo de vida camponês. As formas de ocupação do espaço e a constituição do lugar são tributários das contínuas referências socioespaciais de fartura, de fertilidade e de religiosidade, recompostas nos depoimentos e nas práticas dos moradores e na manutenção de elos com a roça, construindo um lugar intermediário: nem roça, nem cidade. Patrimônios.

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Área do Conhecimento
Geografia Humana

Migração e reprodução social: tempos e espaços do cortador de cana e de sua família

Autor
Lucia Cavalieri
Ano
2010
Resumo / Abstract

Esta pesquisa tem por objetivo entender como ocorre o processo contraditório da reprodução social das comunidades rurais à luz de uma análise das práticas cotidianas e das estratégias de reprodução social da família do migrante, cortador de cana do Vale do Jequitinhonha. Os homens migrantes vivem ora mais próximos da condição camponesa, ora sorvidos como proletários na cana. Não se realizam plenamente em nenhuma das duas condições. No território da cana estão proletários; no território camponês não têm mais terras para o trabalho e a família não conta com os homens em suas práticas cotidianas. Esses camponeses-migrantes encontram-se na margem. A pesquisa de campo se realizou em duas comunidades rurais: Alfredo Graça e Engenheiro Schnoor localizadas no município de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha. Estas comunidades têm algumas características comuns: a migração dos homens para o corte de cana em São Paulo e uma série de custos imputados à família, em especial às suas mulheres. Nosso interesse consiste em entender como esse sujeito, na condição de camponês-migrante, perdura no tempo e quais são as fissuras que essa condição provoca em sua família e em seu território.

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Área do Conhecimento
Geografia Humana

Conflito, identidade, territorialização, Estado e comunidades remanescentes de quilombos do Vale do Ribeira de Iguape-SP

Autor
Rose Leine Bertaco Giacomini
Ano
2009
Resumo / Abstract

Resgatar a identidade de remanescentes de quilombos e sua ancestralidade foi a oportunidade encontrada pelas comunidades rurais negras, no Vale do Ribeira de Iguape, para superar os conflitos que emergiram na região, após a abertura política para o desenvolvimento territorial, a partir dos anos de 1950. Ao mesmo tempo, encontraram, no processo de valorização da memória, o resgate e a valorização das tradições que são o suporte para as mudanças necessárias no presente. Os conflitos surgiram no Vale do Ribeira em torno da posse e da propriedade da terra, por consequencia da introdução das políticas públicas e, como desígnio desse processo, destacaram-se as territorialidades das comunidades de quilombos, uma vez que esses grupos resistiram às pressões sofridas e conseguiram manter o modo de vida tradicional contíguo ao território que já era ocupando por seus ancestrais, há mais de cem anos. O direito constitucional conquistado por força da luta do movimento negro, em defesa da propriedade das terras quilombolas no Brasil, trouxe para as comunidades rurais negras uma garantia em defesa de seus direitos étnicos e culturais. Esta pesquisa teve o propósito de estudar as comunidades de quilombos, no Vale do Ribeira de Iguape, pelo fato de nessa região, estar concentrada grande parte desses grupos e, de uma forma mais ampla, foi onde se deu o inicio da luta do movimento quilombola no Estado de São Paulo, na busca de seus direitos. Motivados pela ameaça de construção da Hidrelétrica-Tijuco Alto, no Rio Ribeira, e pela criação das Unidades de Conservação sobre seus territórios, que provocaram mudanças nos seus modos de vida, essas comunidades cobraram do Estado o cumprimento do artigo constitucional em defesa de seus direitos.

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Geografia Humana

Fundo de pasto - tecitura e resistência, rupturas e permanências no tempo-espaço desse modo de vida

Autor
Cirlene Jeane Santos e Santos
Ano
2011
Resumo / Abstract

A pesquisa ora apresentada tem como temática principal a análise das estratégias de reprodução camponesa desenvolvidas pelos grupos de Fundos de Pasto localizados no município de Oliveira dos Brejinhos (BA), com uma detida análise desse processo no Fundo de Pasto Várzea Grande. A reprodução social destes grupos foi fortemente afetada pelo movimento contraditório desencadeado pelos conflitos vivenciados por eles a partir do final de 1960, o que impulsionou sua consciência de classe no transcorrer das lutas pelo bode solto e da luta na/pela terra. Essa consciência foi mobilizada na defesa dos costumes e das práticas tradicionais que regulavam a vida dos/nos grupos. É nesse movimento que se estruturam as condições de transformação desses camponeses enquanto sujeitos políticos, condicionados a uma conjuntura histórica circunscrita e particular, ao mesmo tempo em que os insere em um caleidoscópio de possibilidades e de caminhos a partir daquele momento em diante: da superação da opressão exercida pela sociedade em geral à expansão do capital mercantil regional no interior dos grupos. É abordado o processo histórico de instituição das terras de uso comum na Bahia com ênfase no pastoreio comunitário de caprinos no sertão do estado. Também são examinados a organização socioespacial do grupo, seu modo de vida, as relações de parentesco e vizinhança, os mecanismos de produção, circulação e consumo estabelecidos e a sua rede de sociabilidade. Evidencia ainda, o papel da migração como estratégia de reprodução camponesa nos fundos de pasto, considerando o ficar e o envelhecimento dos que permaneceram na terra; o partir e o absenteísmo nas propriedades; e o retornar, como um dos motivadores da diferenciação social no interior do grupo. Por fim, explora a questão do ser ou não ser camponês e busca contextualizar a tragédia dos comuns nos tempos da precarização do trabalho e da inserção do fundo de pasto na ciranda do capital mercantil regional.

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Geografia Humana

Políticas agrárias: dinâmicas de transformações territoriais e formas de reprodução social da família rural na região agrária de Chókwè - Moçambique

Autor
Claudio Artur Mungói
Ano
2005
Resumo / Abstract

A pesquisa tem por objetivo analisar as políticas agrárias que influenciaram o processo de transformações territoriais e induziram a adoção de novas estratégias de reprodução social da família rural na região agrária do Chókwè. Para tanto, a partir da aplicação do método dialético, centra-se a análise no papel do Estado com os seus modelos de desenvolvimento e também no mecanismo interno de organização da unidade familiar, bem como de outros poderes fora da esfera pública. As políticas agrárias adotadas pela administração colonial e do Moçambique independente induziram a novas dinâmicas territoriais cuja expressão traduziu-se na implementação de modelos produtivos e de organização do espaço que por um lado, trouxeram para a região do Chókwè a contradição entre a grande propriedade, provida de recursos tecnológicos, mão de obra assalariada e proteção do Estado e, por outro, uma produção familiar voltada basicamente para a subsistência da família e com pouca ou nenhuma proteção do Estado e inserção no mercado. A expropriação de terras, a imposição de novos padrões produtivos e de povoamento, a política de créditos, a guerra, as calamidades naturais constituem fatores estruturais que limitaram o desenvolvimento da produção agrícola familiar. A família rural recebeu pouquíssima atenção no período colonial e foi desencorajada durante a primeira década da independência nacional, quando a política agrária favoreceu empresas estatais e a coletivização da produção. Os 16  anos de guerra civil e a situação de emergência foram outros fatores que limitaram severamente os recursos governamentais destinados ao apoio a estas famílias. A paz e o programa de reabilitação econômica trouxeram novas territorialidades para o país e região, onde a produção agrícola familiar, pela primeira vez, passou a constituir prioridade de desenvolvimento, sobretudo através do Programa de Investimento Público do Setor Agrário

 


 

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Geografia Humana

Assentamento rural: Assentamento rurale a territorialização do MST - um estudo de caso

Autor
Raildo Silva de Alencar
Ano
2005
Resumo / Abstract

A espacialização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e sua territorialização é um processo dinâmico, determinado pela exclusão sócio-econômica pela qual passa grande parcela da população do país. Essa parcela excluída busca, por intermédio do movimento social, sua re-inserção na sociedade através da conquista da terra, vista como objeto e meio para o resgate da vida. Esses excluídos constituem uma heterogeneidade nos espaços de socialização dos assentamentos, engendrados pelo movimento social e, embora originados dos mesmos fatores de exclusão, refletem realidades territoriais e culturais variadas. A mescla de origens de vida distintas desenvolve uma socialização rica no processo, que apresenta dificuldades, mas também possibilidades de socialização. As concepções desenvolvidas neste trabalho são apresentadas a partir de um estudo de caso: o assentamento Nova Esperança 1, em São José dos Campos. Desta forma, algumas idéias devem ser relativizadas e circunscritas à área de estudo. Fatores locais influenciam no processo de territorialização do MST e dos assentados, tais como: o desejo pelo reconhecimento, a importância do vínculo familiar, as noções de liberdade, além da influência da organização sócio-econômica capitalista. Esses fatores desenvolvem conflitos sociativos que marcam a construção permanente do movimento social, de suas estratégias e a compreensão dos trabalhadores do processo político.

 


 

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Geografia Humana

A organização e inserção da produção de pequenas unidades agrícolas nos mercados paulistanos: os agricultores do bairro rural de Santo Ângelo

Autor
Antonio Carlos da Paz Santana
Ano
2006
Resumo / Abstract

A partir do sistema agrícola, buscou-se compreender como os agricultores de pequenas unidades organizam sua produção e como ela é subordinada aos mercados. O estudo foi realizado no bairro rural de Santo Ângelo onde residem 284 famílias de posseiros produtores de hortaliças. Isso permitiu a compreensão da organização atual do mercado (CEAGESP, CEAAP, CDR, supermercados e outros) com relação à atuação dos agentes econômicos e aos mecanismos de monopólio do capital sobre a produção deste tipo de propriedade. Partindo do pressuposto de que as pequenas unidades são frutos da contradição do modo de produção capitalista, sendo responsáveis por uma parte significativa da produção de alimentos frescos destinados aos grandes centros urbanos, chega-se à conclusão de que à subordinação aos mercados é a principal causa da ocorrência do processo de desintegração que este tipo de propriedade enfrenta. Apesar disso, os agricultores encontraram na organização política a maneira de permanecerem produzindo na localidade onde se encontram.

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Geografia Humana

De arraial de Porto Alegre a cidade de Itaperuna: especificidade de uma urbanização com traços de rural

Autor
Cátia Pereira dos Santos
Ano
2006
Resumo / Abstract

A urbanização é um processo que atinge grande parte do território brasileiro e que assume feições distintas conforme as especificidades de cada lugar. Estudar tais feições é uma forma de se compreender um pouco mais a dinâmica desse processo tão complexo e heterogêneo.Itaperuna, situada no interior do estado do Rio de Janeiro, é uma cidade que se formou com base na expansão da cafeicultura. Por cerca de cinco décadas, a economia do município de Itaperuna esteve baseada nessa atividade. Situação que vai começar a se alterar com as repercussões da crise econômica mundial de 1929 na economia local.A partir daí, outras atividades, também ligadas ao campo, como a rizicultura e a pecuária leiteira, foram se desenvolvendo, enquanto a cafeicultura ia perdendo importância.Em meio às mudanças que vão ocorrendo no campo, a cidade vai se constituindo e se transformando, enquanto avança o processo de urbanização.Assim, este trabalho analisa as feições assumidas pelo urbano numa cidade com forte influência do meio rural. Nesse exercício, o bairro, sendo um espaço onde se desenvolvem relações imediatas diretas, apresenta-se como um nível de análise fundamental para a compreensão do urbano que lá se formou. O bairro reproduz numa escala menor, a forma particular como se dá o encontro do rural com o urbano que se materializa na cidade de Itaperuna.

 


 

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Geografia Humana

A luta pela terra entre o campo e a cidade: as comunas da terra do MST, sua gestação, principais atores e desafios

Autor
Yamila Goldfarb
Ano
2007
Resumo / Abstract

Esta pesquisa teve por objetivo analisar o processo de constituição de uma nova forma de assentamento proposta pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no estado de São Paulo, denominada Comuna da Terra, situada em áreas nas proximidades de grandes centros urbanos, buscando identificar no que ela difere de outras formas de assentamento, no sentido de sua organização interna, e qual a sua contribuição para o avanço da luta por reforma agrária e para o desenvolvimento social e econômico brasileiro. O discurso de intelectuais e parcela do governo de que a reforma agrária não seria mais necessária; a crescente importância atribuída ao agronegócio no país, seja pela política econômica seja pela mídia; e a mudança no caráter do sujeito social da reforma agrária em determinadas regiões, foram alguns dos fatores que levaram o MST a formular essa proposta de assentamento. Para compreender a Comuna da Terra foi imprescindível analisar a questão do sujeito social da reforma agrária. Para tanto, foi necessário compreender os processos migratórios no Brasil, e mais especificamente no estado de São Paulo bem como a crescente importância da migração de retorno. Analisamos então o processo histórico que envolve os grandes centros urbanos e as vidas das classes subalternas que aí se encontram, envolvidas num processo de migração e deslocamento constantes. Analisando os projetos de vida dessa população e o projeto político do MST de constituição das Comunas da Terra, como elemento de uma nova concepção de reforma agrária, pudemos perceber que essa proposta aponta para um novo projeto de desenvolvimento para o campo, no qual elementos do urbano sejam incorporados. Ao questionar os rumos da política agrária, ao reivindicar um novo modelo de desenvolvimento para o campo, ao propor a união de movimentos rurais e urbanos, o MST acaba por colocar em debate um novo modelo de desenvolvimento também para o Brasil. A Comuna da Terra é elaborada com a proposta de ser uma forma de assentamento em que haja infra-estrutura, acesso à informação, tecnologia etc. Em que haja também uma organização espacial que propicie uma maior centralidade. Enfim, a Comuna da Terra é elaborada de forma a ter um caráter mais urbano que os assentamentos convencionais. No entanto, ela não se enquadra como espaço urbano/rural a partir de imprecisões ou transições. Não constitui um espaço em transição do rural para o urbano. É um espaço que se propõe a ser rural, posto que de reprodução do modo de vida camponês, e urbano, ou com elementos do urbano, posto que demanda os benefícios que a urbanidade criou ao longo dos séculos.

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Geografia Humana