A greve dos bóias-frias do Guariba e a repressão (maio de 1984)

Autor
Maria Del Carmen Tubio Pereira
Ano
2001
Resumo / Abstract

Este trabalho analisa a greve dos cortadores de cana de Guariba, em maio de 1984 e a repressão que foi deflagrada contra eles pela PM de São Paulo. Esta greve comoveu a opinião pública a nível nacional por diversos motivos. Estes trabalhadores eram bóias-frias, sem tradição de organização política e sindical no interior paulista a diferença dos cortadores de cana de Pernambuco que organizavam fortes greves desde 1979 e por isso ocupavam as manchetes dos jornais. A greve foi rápida, muito radicalizada, totalmente contrária à normatização imposta pela Lei de Greve, e amplamente vitoriosa, estimulando greves e ações também radicalizadas, de milhares de bóias-frias por todo o interior paulista, Goiás e Paraná. Os cortadores de cana de Guariba conquistaram o Contrato Coletivo de Trabalho motivo pelo qual esta mobilização foi um marco na história dos assalariados rurais. Além disso, a violenta repressão policial aconteceu sob o governo de um dos maiores impulsionadores da campanha das "Diretas Já" - Franco Montoro do PMDB - que tinha finalizado no mês anterior e que havia exigido fartamente o fim da ditadura militar, de sua política econômica, de seus métodos autoritários e da exploração e violenta repressão a que submetia os trabalhadores em nível nacional. Este momento da transição democrática no Brasil, depois de quase vinte anos de regime militar, foi repleto de contradições e empurrou os diversos atores sociais e políticos a explorar os novos espaços -institucionais   ou não - que se abriram para a construção de realidade brasileira capaz de viabilizar seus projetos sociais.

 


 

Área do Conhecimento
História