A Teologia da Libertação e o combate às intolerâncias político-sociais

Zilda Márcio Grícoli Iokoi

 

 

A chamada Teologia da Libertação se inseriu na América Latina a partir do Concilio Vaticano II, fase da valorização da história, da cultura e da diversidade de formas de encontro do homem com Deus. Ela é uma teologia propriamente cristã; por isso, utiliza o Velho Testamento como pressuposto necessário do tempo dos Profetas para definir um novo caminho para o discurso teológico. Propõem-se nesta Teologia a alegria do viver livre, uma nova dimensão do humanismo e o bem viver integrado à natureza e a harmonia entre os seres vivos. A teologia da libertação na América Latina fez com que "a religião passasse a ser um fator de mobilização e não do freio" (BOFF, 1980, p. 102). A religião não mais se apresenta como "ópio do povo". Ela passou a ser fonte de libertação do homem, contra o status quo social e político; ela quer mostrar que Deus encarna-se na história, gera libertação de um povo humilhado, gera vida e esperança a um povo crucificado e sem sonhos.  Ao se aproximar do povo de Deus em luta pela libertação, ela se desvinculou dos dogmatismos e do anacronismo das demais teologias, permitindo novo sentido ao termo libertação.

 

*Professora livre-docente do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) e, desde 2002, diretora executiva do Laboratório de Estudos sobre a Intolerância da USP. Autora de Igreja e Camponeses: Teologia da Libertação e a Luta pela Terra. Brasil-Peru(1964-1986) (Hucitec, 1996); Intolerância e resistência: a saga dos judeus comunistas entre a Polônia, a Palestina e o Brasil (1935-1975) (Humanitas-Ed. Univali, 2004). Endereços eletrônicos:<zilda.iokoi@gmail.com> e <zilda@usp.br>