Autor
Roberto Vincenzi Kusmini
Ano
2001
Resumo / Abstract

O "popular" relacionou-se intimamente com o contexto histórico espanhol do final do século XVII e começo do século XIX: ganhou forma na cultura da Ilustração, legitimidade com a Constituição de 1812 e protagonismo na resistência à invasão napoleônica na primeira guerra Romântica da história. Por outro lado, as contradições do popular histórico espanhol despontaram com a mesma rapidez dos acontecimentos: expurgou os valores da Revolução Francesa; reagiu à Constituição liberal de 1812 e apoiou a restauração da monarquia por Fernando VII. Os termos "povo" e "popular" foram freqüentemente empregados pela historiografia goyesca para justificar sua biografia e, às vezes, sua produção. Raros foram os estudos que problematizaram esses conceitos em seu sistema visual. O popular não foi exclusivo de Goya, mas tema de muitos outros pintores, bem como escritores, políticos e intelectuais. Esta dissertação propõe analisar algumas obras seriadas goyescas, especialmente a série de cartões para tapeçaria (1775-1791), dois conjuntos de pinturas de gabinetes (1794 e 1816) e as séries de gravuras "Los Caprichos" (1799) e "Los Desastres de la Guerra" (1810-1823), para distinguir os significados de seu sistema visual frente as diversas outras representações do popular. O conhecimento da singularidade do popular goyesco permite formular a hipótese de que suas representações anunciaram uma crise da imagem simbólica do Antigo Regime espanhol como, por exemplo, a substituição do sujeito nominativo (reis, rainhas, príncipes, nobres, etc.) pelo sujeito "vulgar" e anônimo na iconografia

 


 

Área do Conhecimento
História Social