DISCIPLINA: HDL5023 – O Lugar das Performances: Produção Partilhada do Conhecimento

Docentes:

Aivone Carvalho Brandão
Marilia Librandi Rocha
Renan Albuquerque Rodrigues
Sérgio Bairon


Início:  14 de abril de 2022
Dia da semana: quintas-feiras
Horário: 19h30 às 22h30
Modalidade: Presencial
Local: Campus Cidade Universitária, Teatro Mugunzá e Teatro Faroeste
Nº de Créditos: 08

Período de Inscrições:

Aluno Especial, UNESP e UNICAMP
01 a 07 de fevereiro de 2022
10 vagas
Mais informações: Inscrição Aluno Especial, UNESP E UNICAMP – 1º semestre 2022 | DIVERSITAS (usp.br)

Aluno Regular
Pré-matrícula: 03 a 21 de março de 2022
Sistema Janus 

 

PROGRAMA
 
Objetivos

Neste semestre, a disciplina O Lugar das Performances será oferecida em parceria com os integrantes da Cia Mungunzá de Teatro e do Teatro do Pessoal do Faroeste. 
A disciplina O Lugar das Performances está fundamentada no princípio do deslocamento da Universidade em direção ao território, como uma estratégia de reformular, vivenciar e compartilhar o conhecimento, estética e socialmente. 
A disciplina tem por objetivo compreender as dimensões dos conflitos e contradições existentes na cidade como palco social. A performance será trabalhada por meio das possibilidades de expressar tanto conceitos teóricos quanto as liminaridades presentes nas possibilidades de produção partilhada do conhecimento. O objetivo central apresenta, de um lado, a necessidade de inserção do corpo no território público da cidade e, de outro lado, a reflexão teórica a respeito dos conflitos sociais presentes no espaço urbano. A elaboração destes conflitos é terapêutica para os sofrimentos sociais produzidos pela negação, material e cultural, do reconhecimento como pessoas daqueles que vivem às margens do poder na sociedade. 
O Lugar das Performances é definido como a região da Luz, no centro da cidade de São Paulo e terá seu ponto de encontro no Teatro do Mungunzá e no Teatro do Pessoal do Faroeste. Mais que um espaço físico, os Teatros e a região da Luz serão, por excelência, o lugar das performances, considerando que toda transformação das relações sociais passam pela criação e ocupação de espaços de convivência. Da mesma forma teremos a participação dos estudantes indígenas a partir da Aldeia Meruri.


Justificativa

Nos últimos dois anos o Diversitas tem oferecido disciplinas de pós-graduação na região da Luz, centro de São Paulo, o que possibilitou um amadurecimento das relações entre a pós-graduação Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades, com os projetos sociais e culturais que atuam diretamente na região. Os principais parceiros foram a Cia. Mugunzá, o Teatro do Pessoal do Faroeste e a Casa Florescer. 
Muitos frutos foram resultado destas parcerias, ou seja, filmes e documentos audiovisuais para os parceiros e moradores locais; criação do Instituto Faroeste (Pessoal do Teatro do Faroeste); desenvolvimento e aprofundamento de pesquisas (mestrandos e doutorandos) sobre questões locais; histórias de vida da população de rua e das mulheres Trans da Casa Florescer; parceria e promoção de eventos com a Cia. Mugunzá e com o Teatro do Pessoal do Faroeste (como o Manto Bandeira, Rodas de Conversa etc.), dentre outros. 
Neste sentido, foi desenvolvida uma nova proposição de disciplina de pós-graduação - Stricto Sensu. As principais transformações e desafios foram os seguintes: ênfase no deslocamento das atividades docentes e discentes para fora do espaço físico da Universidade, à direção do território comunitário relacionado com a proposta da disciplina; uma cumplicidade de atuação colaborativa juntos dos parceiros; o desenvolvimento de novas linguagens estéticas para a apresentação das pesquisas e do ensino na pós- graduação; a participação em mobilizações locais em apoio das questões sociais e culturais etc.. 
É na continuidade destas experiências que a disciplina O Lugar das Performances se apresenta como uma proposta, tanto epistemológica quanto de ação direta no território. A disciplina busca, na prática e in loco, uma interlocução com a produção partilhada interdisciplinar do conhecimento, considerando que é oferecida por um grupo de professores e colaboradores (das áreas da História, da Psicologia Social, da Antropologia Visual, da Comunicação, das Artes e da Sociologia), que atuarão presencial e semanalmente de forma conjunta nos encontros. Outro fator importante está calcado no encontro entre as áreas de Comunicação, Estética e Psicologia Comunitária, sobretudo, por meio do enfrentamento das relações epistemológicas entre princípios filosóficos, teóricos, metodológicos e técnicos, bem como uma interlocução com a proposta do conceito de Vizinhança desenvolvido por Marcelo Carnevale. 
Este conjunto de relações nos alerta para a importância de, na área interdisciplinar, não tratarmos nenhuma realidade por meios metodológicos ou técnicos à revelia de princípios e orientações teórico-filosóficas que orientem a ação e a pesquisa, no sentido do enfrentamento das desigualdades.

 
Conteúdo

Cena 01. (Re)sensibilização dos corpos e (Re)conhecimento do território e suas práticas. Abertura 
Cena 02. A Cidade Líquida 
Cena 03. Desconstrução da memória oficial 
Cena 04. Fluxos e Derivas – na Cidade e na Aldeia. 
Cena 05. A Escuta e a Escrita da Cidade e da Aldeia. 
Cena 06. Resistências, Ruínas, Re-existências e Ocupações 
Cena 07. O comum e a comunidade: o ser-com (produção partilhada) 
Cena 08. Afro-Sampa – a questão da Diversidade na Aldeia 
Cena 09. Trans-Cidades: Diversidades 
Cena 10. A Vizinhança 
Cena 11. Apresentação final 
Cena 12. Encerramento, Apresentação final

 
Bibliografia

Aumont, J. (1999) De l’esthétique au présent. Paris, De Boeck & Lacier.
Bairon, Sérgio. (2005). Texturas sonoras. São Paulo, ed. Hacker.
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Benjanim Walter. (1987) Walter Benjamin: Obras Escolhidas: Magia e Técnica, Arte e Política. São Paulo: Brasiliense
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Boal, Augusto. Teatro do Oprimido. São Paulo. Editora 34, 2018.
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Glusberg, Jorge. A arte da Performance. São Paulo, Perspectiva, 2009.
Internacional Situacionista. Apologia da Deriva. Escritos situacionistas sobre a cidade.
Paula Berenstein Jacques (Org). Rio de Janeiro, Casa da Palavra, 2003
Icle, Gilberto (org.). Descrever o inapreensível. Performance, Pesquisa e Pedagogia. São Paulo, Perspectiva, 2019.
Iokoi, Zilda (org.) (2018). A Escrita do Historiador. São Paulo, ed. UNESP. 
Librandi, Marília. (2009). Maranhão-Manhattan. Rio de Janeiro, Letras.
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Zizek, Slavoj. (2008). A visão em paralaxe. São Paulo, Ed. Boitempo.


Forma de avaliação

- Entrega de Relatórios audiovisuais de leituras bibliográficas: (30% da nota) As filmagens serão realizadas em grupo e constarão do audiovisual apresentação da sistematização das leituras realizadas para os temas fornecidos nas Cenas. - Apresentação do trabalho final: artigo audiovisual e coletivo (grupos de 5): 70% da nota Os grupos apresentarão um produto audiovisual (em média 10 minutos) abordando um dos temas abordados no curso. O audiovisual deve explorar um cruzamento temático, envolvendo pelo menos 3 das cenas identificadas no programa.