24.09 a 26.11.2021 - Devires-animais?

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Devires-Animais

Grupo de Leitura Filosofia Animal/Animal Philosophy
2º ciclo: Setembro - Novembro 2021

devires-animais?

Início: 24 de Setembro | Término: 26 de Novembro 2021 (sextas-feiras)
Horário: 10h00-12h00 (Brasília) | 14h00 – 16h00* (Lisboa – GMT+0)
Inscrições: animalphilosophy.diversitas@gmail.com

*Em razão do fim do horário de verão em Portugal, o horário do encontro será alterado em novembro para 13h às 15h.
A atividade é aberta e é necessário realizar inscrição. Os encontros serão realizados pela plataforma Zoom. Serão emitidos certificados de participação a partir de 75% de frequência. Os textos trabalhados serão compartilhados por e-mail. Ao final do ciclo, será realizado um colóquio.

 

DESCRIÇÃO:

Além da preocupação contínua da filosofia com temas da diferença antropológica, a Filosofia dos Animais é uma disciplina filosófica relativamente nova, que emerge na segunda metade do século XX. Com a expansão e o fortalecimento dos debates promovidos pelos movimentos sociais de esquerda na década de 60 em países do Ocidente, a pauta pelos direitos dos animais também ganha força, questionando a exclusão dos animais do campo de considerações das lutas contra opressão, tais como a luta de classes, o racismo e o sexismo. Na Inglaterra, no final da década de 60 e início da década de 70, pela primeira vez o tema da libertação dos animais ganha um espaço específico e organizado na academia, com a criação do Oxford Group, associado a Universidade de Oxford. Tão logo o psicólogo Richard D. Ryder, retomando o pensamento benthamiano acerca do critério da presença do sofrimento, e não do pensamento, para reavaliação ética sobre os tratamentos dispensados aos animais, cria o conceito de “especismo” (1970), amplamente utilizado pela Filosofia dos Animais desde então. Poucos anos depois, o filósofo Peter Singer publica o livro “Animal Liberation” (1975), por sua vez, considerado um marco para Filosofia dos Animais. É então a partir da década de 70 que emerge um sentido intenso e cada vez mais aprofundado da filosofia, no âmbito acadêmico, sobre a problemática da relação com os animais e do status ético e legal desses nas sociedades. Atualmente, diferentes vias de abordagens sobre a relação entre humanos e animais se consolidam nesse novo campo de estudo, que se constitui sob os termos Filosofia dos Animais, Tierphilosophie, Animal Studies ou ainda Estudos Críticos Animais, em abordagem interdisciplinar.

O grupo de leitura Filosofia Animal é um trabalho do Grupo de Pesquisa sobre Ética e Direitos dos Animais do Diversitas-USP e do Grupo Práxis do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa. Tem como objetivo ler e discutir textos clássicos e contemporâneos que se dediquem à análise das complexas relações entre humanos e outros animais, abarcando também o tema da animalidade, nos âmbitos da ontologia, da política, da cultura, da ética e da atual crise ecológica, transitando por diferentes campos do conhecimento.

Dando continuidade aos estudos realizados no primeiro ciclo, onde trabalhamos o livro “O animal que logo sou”, do filósofo Jacques Derrida, sob a ênfase no reconhecimento dos animais como alteridade radical pela via do olhar, neste segundo ciclo daremos enfoque a algumas contribuições que se engajam, sejam no pensamento ou nos modos de viver, na assunção de que os animais tenham, cada um, seus próprios pontos de vista e suas próprias experiências. Por que olhar os animais, imaginar os animais a partir de suas próprias existências? Como pensar o conceito de devir-animal e sua reformulação a partir da interpretação etno-antropológica do pensamento ameríndio, de modo a extrair consequências transformativas em nossas relações com os animais no contexto de uma descolonização radical?

 

PROGRAMAÇÃO:

1ª Sessão – 24 de Setembro 2021
BERGER, John (1977). Porquê olhar os Animais? In: Porquê olhar os Animais? Tradução de Jorge Leandro Rosa. Lisboa: Antigona, 2020. p. 21-60.

2ª Sessão – 1 de Outubro 2021
NAGEL, Thomas (1974). Como é ser um Morcego?. Tradução de Josemar de Campos Maciel. In: Revista da Abordagem Gestáltica - Phenomenological Studies. v. 19, n. 1, jan-jul, 2013, p. 109-115.

BECKERT, Cristina. Ratos e Homens. Uma relação ambivalente?, In: Do Animal à Biosfera: Estudos sobre o estatuto moral da natureza. Lisboa: CFUL, 2017, p. 47-54.
_______. Ética Animal: Uma cotradição nos termos?. In: Do Animal à Biosfera: Estudos sobre o estatuto moral da natureza. Lisboa: CFUL, 2017, p. 19-27

Texto complementar: CORTÁZAR, Julio (1954). Axolotl In: Final do Jogo. Lisboa: Cavalo de Ferro, 2014.

3ª e 4ª Sessão – 8 e 15 de Outubro 2021
DELEUZE, Gilles / GUATTARI, Felix (1980). Devir-Intenso, Devir-Animal, Devir-Imperceptível. In: Mil Platôs. Capitalismo e Esquizofrenia. Tradução: Suely Rolnik. Mil Platôs, Vol 4. São Paulo: Editora 34, 1997. (Trechos escolhidos)

5ª e 6ª Sessão – 22 e 29 de Outubro 2021
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo (1996). Os Pronomes Cosmológicos e o Perspectivismo Ameríndio. MANA 2(2), Rio de Janeiro: PPGAS- Museu Nacional UFRJ. p. 115-144.

7ª e 8ª Sessão – 5 e 12 de Novembro 2021
LIMA, Tânia Stolze (1996). O dois e seu múltiplo: Reflexões sobre o perspectivismo em uma cosmologia Tupi. MANA 2(2), Rio de Janeiro: PPGAS- Museu Nacional UFRJ. p. 21-47.

9ª e 10ª Sessão – 19 e 26 de Novembro 2021
DESCOLA, Philippe (1998) Estrutura ou sentimento: a relação com o Animal na Amazônia, Mana 4(1), Rio de Janeiro: PPGAS- Museu Nacional UFRJ. p. 23-45.
Texto complementar: LATOUR, Bruno. Perspectivismo: “tipo” ou “bomba”? Tradução Larissa Barcellos, In: Primeiros Estudos, São Paulo, n. 1, 2011. p.173-178.

3 de Dezembro – COLÓQUIO

 

ORGANIZAÇÃO:
- Grupo de Pesquisa sobre Ética e Direitos dos Animais do Diversitas – USP (Núcleo de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos - Universidade de São Paulo)
- Grupo Práxis do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa  -  https://cful.letras.ulisboa.pt/praxis/events/gl-filosofia-animal/

 

COORDENAÇÃO:

Luanda Francine Garcia da Costa – Diversitas-USP
Dirk Michael Hennrich – CFUL