O discurso democrático no pós-guerra: a voz do PCB
No período pós-Segunda Guerra Mundial, o PCB adotou como discurso um vigoroso apelo à democracia. Caminho semelhante foi adotado por todas as outras forças políticas, inclusive a extrema-direita. Isso criou um paradoxo, em um país cuja história política é marcada pela prática do autoritarismo e onde a democracia tinha pouca, ou nenhuma, tradição. O caso do PCB, especificamente, merece ser estudado por uma série de fatores: a) como um partido assumidamente stalinista poderia sustentar um discurso democrático; b) como o discurso democrático se articulava com a estratégia de tomada do poder de um partido que dez anos antes havia sido o principal articulador de um pustch; c) o estranho paradoxo representado pelos sucessivos ataques das forças conservadores ao PCB, em nome da democracia, apesar da obsessão comunista em propagar sua devoção democrática; d) a contemporaneidade dessa discussão, já que os partidos políticos majoritários falam, sem exceção, em defesa da democracia, mas as camadas populares continuam sendo mantidas afastadas dos centros decisórios.